quarta-feira, 24 de julho de 2013

Descrevendo sentimentos...

Buenas! 
Depois de anos de abandono, redescubro esse velho departamento pessoal que por muito tempo me sustentara e me era motivo de grandes alegrias e embates pessoais.

Em busca de um objetivo que norteasse essa postagem de ressureição, resolvi abordar a temática que fez parte do meu cotidiano ultimamente e que é muito interessante ao ponto de vista de quem pretende executá-la, a bendita "Produção" e o seu "Way-To-Do", não como um manual prático, mas como um manual de ideais.

Em um mundo cada vez mais singular e porque não dizer voraz, hoje temos de nos habilitar a ser "auto-suficientes" para não morrer de fome perante um sistema capitalista-sujo-monopolista-injusto que tem desperdiçado muitos talentos em prol do enriquecimento alheio e da ganância de certos. O que fazer então? Produzir! Essa é a palavra, mas como produzir? Por onde começar?
É fato que não existe uma fórmula própria, existem caminhos básicos, mas o que difere uma produção de outra é justamente o seu modo de fazer acontecer, de desenvolver o determinado trabalho com a sua identidade impressa nele. O básico é a execução de todo plano, o qual não é de meu interesse ensinar ou debater aqui, não me considero professor de nada, só mais uma pessoa normal tentando discutir um pensamento além disso.
Quando se propõe fazer algo, por mais simples que seja, se idealiza algo e se inicia com o propósito do sucesso. Somos seres otimistas - tirando os depressivos, claro - vislumbramos o melhor e nunca contamos com os imprevistos de percurso, que só depois aprendemos que são o material mais precioso que o destino nos oferece, pois pedem uma alternativa rápida e rica de conteúdo, pois não foi originalmente pensada e se não for bem elaborada fica claro que sua posição não foi determinada no processo criativo primário.

Porém como sair da idealização e partir para o concreto? É daí que entendo o surgimento de tantas companhias e grupos, pessoas que tem um propósito e decidem dar as mãos para executá-lo. É triste dizer, mas vivemos em um país onde a ambição e o egoísmo prevalecem, onde um governo que devia originalmente apoiar a cultura se aproveita das brechas na lei para lucrar com a mesma, ao invés de apoiá-la ele a oprime por meio de facilitações a empresas e produtoras que não fazem por valer a oportunidade de um patrocínio, que deveriam levar a cultura ao povo e incentivar os grupos criativos dos mais diversos meios, mas que só enchem o bolso e superfaturam encima de suas fórmulas - cópias prontas americanizadas e padronizadas - não beneficiando ninguém a não ser eles mesmos e a classe média e alta, que são os únicos que podem assistir aos seus espetáculos, porque aos preços praticados pelos mesmos a classe baixa – a qual é o objetivo primário e principal dessas benditas leis – vai continuar sem saber ao mínimo o que é teatro e grandes produções. Enfim, voltemos ao principal: Entre previstos e imprevistos, de mãos dadas executamos o que propomos, saímos do ideal e fomos ao concreto, criamos o filho com o maior carinho e cuidado, avaliamos seu desenvolvimento, suas falhas, seu trajeto e sua perspectiva no possível mercado. Será hora de então estreá-lo? 
Não! É hora de repensá-lo, é hora de medir o quanto de coração está envolvido nisso. Como disse acima, o que diferencia uma produção é o seu modo de executá-la, e nesse quesito, o diferencial que falo é o coração, é o quanto envolvido você está a ponto de virar dias e noites em prol de uma boa execução ou de uma saída que não seja simples e de fácil execução. É de quanto suor e sangue você dá para que o que você vá apresentar não seja mais um trabalho, mas sim “o trabalho”, é o quanto de economia de coisas que lhe fazem bem você está disposto a fazer para que seu figurino, seu cenário, seu espetáculo seja impecável. Hoje em dia é difícil falar de sacrifícios, as pessoas estão cada vez mais dispostas a pensar em sua vaidade antes da sua doação, qualquer coisa que seja mais dura do que um simples compartilhar ou curtir já abate uma dúvida sobre valer a pena ou não fazer.

Então se depois disso você continua com o objetivo claro, com a mesma força e vontade de produzir seu sonho, seu filme, seu stand-up, seu espetáculo, então você pode se considerar um sortudo, pois mais de metade das pessoas que conheço ou parou pelo caminho ou optou pelo caminho mais fácil, e quem continuou firme com seus propósitos hoje tenho a alegria de falar que são pessoas extraordinárias, que fazem diferença no mercado e que na sua maioria estão estabilizadas - não ricos - pois quando finalizam um “projeto-sonho” já estão dispostas a começar outro. Vivem disso, pagam suas contas e são felizes fazendo isso, o que é sem dúvidas, a maior recompensa.

Dedico esse post ressureição a todos envolvidos no meu mais recente projeto, “Chapeuzinho Vermelho Como Você Nunca Viu! – O Musical”, o qual tem preenchido meus dias com alegria e orgulho, que tem a cada dia me mostrado que vale a pena lutar pelos nossos sonhos e ouvir o coração acima de qualquer outra coisa.

Que venham mais e mais posts, que esse tempo suspenso no espaço tenha acabado e que o blog volte a ser como era antigamente, um referencial de boas idéias e propósitos.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Judy Garland - O Fim do Arco Íris

 Tive o prazer de assistir a última apresentação de Judy Garland aqui no Rio. A qual comento agora com vocês.


Judy Garland não é uma biografia narrativa como tantas outras, não tem a obrigação de ser didática muito menos educada com o espectador, é uma peça que simplesmente lhe convida para um passeio nos últimos dias de Judy Garland, considerada por muitos uma das maiores estrelas cantoras da "Era de Ouro" de Hollywood.
Com uma produção proporcional a estrela que protagoniza, Charles Moeller e Claudio Botelho acertaram mais uma vez, o espetáculo foi o segundo com mais indicações ao Prêmio Shell de Teatro. Tudo em Judy Garland funciona em perfeita sintonia, atores, luz, som, cenário, músicas... É um espetáculo de fato!
 Sem grandes dramas introdutivos ou qualquer estrutura clichê de musical com aquela primeira musica inicial, seguido de cena/música, cena/música, aqui temos um bom drama, aonde os momentos musicais são reduzidos em número, mas grandes em qualidade. Podemos ver de fato uma PEÇA, o que tem sido raro ultimamente, espetáculos musicais tendem a pender mais para a vertente "show espetacular" e esquecer a parte "teatro", fato esse que Moeller e Botelho tem salvo muito bem, vide "O Despertar da Primavera".
 Claudia Netto brilha como Judy, ela é uma atriz de qualidade gigantesca, tanto dramática como vocal, e nos emociona a cada entrada inusitada de Judy em seus mais ambíguos estados psicológicos. Com parceiros de tamanha grandeza - Igor Rickli e Francisco Cuoco - temos a mais franca e intensa trocação em cena, nada de exageros ou momentos desiguais, cada um completa o outro e o resultado é claro nos olhos dos espectadores, não há quem desgrude o foco da cena um minuto sequer.
 Cuoco, que já vem rotulado por seus trabalhos televisivos mostra uma vertente totalmente contrária e maravilhosa de seu trabalho, sendo um coadjuvante, substituto, generoso, artista! Anthony - seu personagem - emociona, diverte e narra quase que diretamente o desfecho da protagonista com todo carinho que se pode ter ao assunto. Ele cativa tanto Judy como o público, virando o confidente de ambos.
 Rickli também é gigante, contraponto de Judy e Anthony, cabe a ele ser a mão que bate e que ajuda, dando a continuidade a história e garantindo seu brilho ao lado dessas duas feras. Seu trabalho é cuidadoso, intenso, ele e Cuoco excitam a platéia em cada discussão, e isso é bom! O que precisamos é disso, trocas, seja em cena como com o público, ponto mais que merecido para os três.
 Com um cenário maravilhoso, cuidadoso aos detalhes, forte e impactante, temos a parte "espetáculo", o último show de Judy, o "The Talk Of The Town" surge repentinamente em cena e sua grandeza e sutileza encantam, é possível se sentir dentro dos palcos e shows antigos e delirar com as incríveis musicas que Judy nos apresenta.
 Vendo um contexto geral, o que parece é que esse espetáculo foi feito com todo carinho possível aos detalhes, como se fosse um presente. Talvez um sonho antigo do diretor ou um meio de se mostrar que no Brasil também podemos criar obras primas, mas o que não pode se deixar de perceber é isso, os detalhes, os detalhes de cada ator, de cada objeto de cena, de cada acorde tocado, Judy Garland ganha o público por ser poético, delicado mas avassalador. Tal como o furacão que leva Dorothy a um mundo que ela nunca ouviu falar, Judy nos leva a um outro patamar de observação, sentir e emocionar.

sábado, 24 de setembro de 2011

Cachorro

Cachorro, eu me lembro quando encontramos você.
Você era feio, doente, magrelo e fedorento.
Por que eu não poderia ter um filhote ao invés deste bicho velho?
No caminho de casa você ficou tão enjoado e assustado que se cagou todo e vomitou em mim ao mesmo tempo.
Você tinha um nome bem idiota também, algum filho da puta colocou o seu nome de "sari" devido ao nome de um vestido.
Você deveria ser chamado por algum nome foda. Tipo Armstrong Dichsmasher, mas você não respondia quando eu te chamava assim.
Eu não gostava muito de você.
Tipo, você nem sabia latir...
Qual tipo de cachorro não sabe latir?
Você era mudo ou apenas um cachorro estúpido?
Lembra aquela vez que você achou um gato morto e começou a rolar em cima dele? Que porra foi aquela? Por que você fez isso? Você fedeu tanto que não consegui comer por uma semana!
E quantas vees eu tive que falar para não beber a água da piscina? Além de não fazer bem para você.... Toda vez que você tentava, escorregava e caía... Você até parecia gostar, salvo o detalhe que você não sabia nadar.
Por que não me ouvia?
Quando mudamos para um apartamento, nossos primos tomaram conta de você.
Eu fui te visitar... Algumas vezes...
Só que não era... Uma prioridade.
É que eu comecei a ficar ocupado. Eu cresci e tal.
Não era como se você fosse fugir para algum lugar muito distante. Eu iria voltar de vez em quanto para te ver.
Não era como... Se você fosse sentir a minha falta.
Tipo assim cara... Você era só um cachorro... E não era como se eu não soubesse como você era.
Eles me contaram como você saia e ficava fora o dia todo... E só voltava tarde da noite.
Eu falei que parecia a minha irmã.
Eles também me contaram que você aprendeu a latir... E eu falei que você talvez não fosse tão burro!
E eles me contaram que você ficou super gordo... E lento... E preguiçoso...
E eu falei que parecia com a minh...
E eles me contaram... Que você morreu na semana passada.
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...
... ...
Eu me lembro de levar você para passear pela primeira vez...
Você cagou no meio da rua.
E quando eu estava prestes a gritar com você... Um carro passa tirando aquela fina e nos fazendo correr como loucos.
Se essa era uma estratégia elaborada para me fazer gostar de você... Funcionou.
Eu me lembro que você ia se encontrar comigo no ponto de ônibus depois da escola... E nós sempre pegávamos o caminho mais longo para casa... O que nos fazia chegar sempre atrasados para o jantar.
Eu me lembro de contar para você todos os problemas que um garoto de 9 anos pode ter na vida...
Como o quanto eu fiquei nervoso no primeiro dia de aula e mijei nas calças... E ninguém descobriu porque passei o recreio inteiro limpando a minha roupa...
Você era o único que sabia disso.
Porque apesar de você ser um perdedor colossal... Você me amava ainda assim.
Apesar das minhas inseguranças, e decisões estúpidas pra caralho, você nunca me julgou. Só por isso eu te contei tudo isso...
Te contei como eu e meus amigos prometemos uns aos outros que jamais iriamos beber ou usar drogas...
Como eu sempre era o último a ser escolhido na educação física porque era gordo, lento e o novato inútil...
Como minha paixão da escola primária me deu o e-mail dela quando se mudou, e escreveu para mim e que por alguma razão estúpida eu nunca respondi...
E enquanto eu crescia e as histórias mudavam o cenário, você ainda sentava e escutava cada palavra...
Como aquele garotinho certinho e seus amigos foram expulsos da escola por fumarem maconha...
Como aquele menino lerdo e gordo entrou para o time do colégio e derrubou o cara mais rápido do time...
Como aquele muleque anti-social e tímido destruiu um namoro por se tornar aquele cara... O cara que uma garota usou para trair... O amigo traiçoeiro que só demonstrou arrependimento depois que ela terminou o affair...
.
..
...
Por que você tinha que ir embora, cachorro?
Eu ainda tinha tanto para te contar.
Você sabia que eu larguei as drogas de vez? Também aprendi a transformar pensamentos negativos em "arte".
E eu encontrei meu primeiro amor nessa garota... E nós prometemos os nossos corações um ao outro para sempre e sempre...
Cachorro, eu descobri uma coisa...
As poucas vezes em que eu fui te visitar... Parecia que você estava muito brabo comigo.
"Caralho cara! Por onde você se enfiou?".... Mal passava um minuto e você já não ligava mais, seus olhos pareciam brilhar...
Apesar da minha ausência seu coração permaneceu fiel... Você nunca me esqueceu... Eu te esqueci.
Por que eu sempre tenho que fazer tudo errado?
Por que eu sou tão distraído?
E por que eu só comecei a sentir a sua falta depois que percebi que eu não vou te ver nunca mais?

domingo, 7 de agosto de 2011

Porquinhos, o musical!

Nessa minha nova temporada aqui no Rio de Janeiro tive a oportunidade de assistir a peças de colegas meus as quais estarei comentando aqui no blog.
A dessa semana foi "Porquinhos, o musical!", um musical infantil totalmente diferente dos padrões que estamos acostumados a ver nesse gênero.
Buscando quebrar com a linguagem infantilóide e com a obviedade das histórias infantís, Porquinhos conta a história dos 3 porquinhos de um modo totalmente novo, uma estética nova, adaptada a realidade das crianças de hoje e incrivelmente boa.
A diferença começa logo cedo quando nos é apresentado um narrador que a longo da peça tem vários apartes onde mistura a história e distorce acontecimentos óbvios, nos apresentando uma versão "Black" dos três porquinhos. Essa versão black conta com três tipos interessantes de hoje em dia, a preguiçosa, a bipolar e o nerd, uma mistura que garante muitas risadas. Uma coisa muito boa de se ver nesse texto é a adaptação para as atualidades, coisa que até então só tinha visto em "Avenida Q", piadas atuais usando um "você, você quer" ou uma entrada em cena ao som de Beyonce, sim as crianças conhecem e ouvem isso toda hora, não são excepcionais que vivem no mundo da Disney, já era hora de utilizar isso e deixar de ser didáticos em infantís.
Isso tudo junto a uma excelente capacidade vocal e boas músicas fazem valer muito a pena o espetáculo, com uma qualidade cenográfica e de figurino muito acima da média para infantís, é um espetáculo mais que merecido as crianças e jovens, um espetáculo inteligente!
Em cartaz no Teatro Vanucci no Shopping da Gávea aos sábados e domingos.
Elenco: Evelyn Castro, Rai Valadão, Rodrigo Fernando, Érika Thomas , Rayssa Bentes e André Lemos

domingo, 20 de março de 2011

Eu queria...

 Eu queria ser diferente, ser "normal" como todo mundo, não ter ambições que envolvessem os outros a minha volta, pensar unicamente no meu ser e no meu conforto, queria estar contente com uma vidinha mais ou menos que mal desse para pagar as contas e me deixasse na minha zona de conforto até o fim da vida, eu queria ser mais "normal".
 Juro que queria olhar para as coisas como se elas não me afetassem, queria olhar a miséria alheia e não sentir o que sinto, olhar para aquela pessoa mal vestida, passando frio, fome e simplesmente falar: "é um viciado vagabundo", e não pensar no que o levou para aquela situação, o quanto sofria toda noite enquanto eu dormia no meu conforto todo,  gostaria muito de não ser afetado por todos fatores externos que me afetam, ser muito mais indiferente com o mundo e assim viver minha vidinha medíocre na boa.
 Queria ter a segurança que hoje em dia 90% das pessoas tem, acreditar que sou o melhor no que faço e que nem uma palavra superior a minha poderia me convencer do contrário, acho isso digno, é de uma prepotência tamanha que me faz até duvidar que a pessoa tenha algum medo ou problema, mas infelizmente não sou assim.
Queria conseguir olhar dentro do olho da maioria das pessoas e acreditar na essência delas, acreditar que mesmo dentro daquela casca de vaidades existe um ser fantástico que se importa com os outros e quer lhes fazer o bem, que aquela casca é temporária, que ele não vai mais usar as pessoas para suprir suas vaidades e inseguranças.
 Eu queria que as pessoas voltassem a ser autênticas, que não abrissem mão do que pensam e não vendessem seus sonhos e suas vidas por favores, status e outras tantas coisas artificiais. Gostaria que as pessoas falassem o que realmente pensam de boca cheia e que cada vez que mentissem elas sentissem uma parte de si se perdendo, assim se dariam conta de que isso não vale de nada.
 Queria que o ser humano voltasse a ter seu valor não pelo que possui, mas pela sua capacidade, que o destino de um homem estivesse totalmente na sua mão, que fatores sociais fossem secundários.
 Eu queria que o mundo acabasse, acabasse em um grande clarão, que todos pudéssemos estar perto de quem amamos e que o último momento fosse limpo de qualquer maldade e interesse, seria um único momento que vale mais do que meus últimos 10 anos de vida.
 Eu queria muitas outras coisas, queria continuar nesse sonho por muito mais tempo... Eu queria não ter de voltar a realidade...

Como VOCÊ agiria?

Hoje um amigo me passou um vídeo que instantaneamente me emocionou! Me emocionou pelo fato de me colocar no real lugar onde deveria estar, onde todos nós deveriamos estar mas fugimos por estar ocupados demais envaidecendo nossos próprios problemas e os superestimando.
 Todo dia nos deparamos com vários problemas do cotidiano que por muitas vezes nos deprimem e nos diminuem., cada vez que abaixamos a cabeça parecem existir mais! Mas por um momento eu lhes peço, voltem a analisar esses problemas após assistirem esse vídeo e ouvir essa música.
 Agora eu volto a lhes perguntar, realmente seus problemas são tão grandes assim? Eu me sinto até envergonhado quando paro e olho para dentro de mim, uma pessoa provida de uma saúde 100% ok, com força suficiente para concretizar o que sonho e de repente abalado por algum pequeno desvio do cotidiano. E se esse cara fosse como eu? Façam essa pergunta a si mesmos, vocês teriam tamanha força e amor para agir como ele agiu? Eu sinceramente não sei, pois graças a Deus nunca passei por nada parecido, mas sinto cada vez que ouço essa música que poderia fazer muito mais... E espero fazer, cada vez que desanimar quero olhar para esse vídeo, para esse cara e pedir 10% dessa força que o move.
 Isso não é um sermão, é um apelo, um apelo para que nós deixemos de ser dramáticos e agradeçamos a vida que temos e lutemos não só por nós mas sim pelos outros também, em um mundo cada vez mais singular e sem valores, precisamos injetar ânimo e amor para que histórias como essa se repitam, para que as pessoas vivam não só pela sua felicidade mas também pela dos outros, sei que isso é bastante utópico, mas nesse mundo apocalíptico que estamos vivendo  um pouco de sonho e amor cai bem...
 Sei que ultimamente tenho fugido do foco do blog, talvez seja pelo simples fato de que cumprir uma agenda regular me agonia, sinto que o que preciso escrever agora não é sobre teatro, para compreender bem o teatro precisamos sentí-lo e para sentí-lo precisamos estar minimamente abertos a isso, e é o que quero tentar fazer, pois nosso cotidiano fabrica pessoas cada vez mais insensíveis e fechadas, fica aqui meu apelo...

Anywhere you are, I am near
Anywhere you go, I'll be there
And I'm gonna be here forever more
Every single promise I keep
Cuz what kind of guy would I be
If I was to leave when you need me most

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ufa!!!

 E aí povo, como estão? Sim, eu estou bem, bem sumido!
 Mas tenho mais um ótimo motivo, logo finalizo mais uma etapa importante da minha carreira e da minha vida, a qual vim aqui dividir com todos. 
 Faz exatamente um mês que vim para o Rio de Janeiro, para trabalhar em Lara com Z, um seriado da Rede Globo
 Durante esse período aqui aprendi coisas magníficas, fiz parte do grupo de teatro da Lara Romero (Susana Vieira) e ensaiei muito! Tive a sorte de ter um mestre fantástico nas artes marciais (Dani Hu) que conduziu nosso grupo no treinamento dos soldados de Macbeth, e que dentro do que treinamos acrescentei novas técnicas que agora levo junto na carreira.
 Rompi com meu compromisso de postar mais frequentemente, mas quanto mais me esforço para tentar revolucionar mais vejo o quão desinteressante eu pareço ser,  não interessa as pessoas hoje em dia refletir, elas já são magnificamente perfeitas, então para que isso né?! Eu como um bom ignorante que sou continuo lendo e escrevendo, mas não aqui, nem tudo que escrevo agora vem parar aqui, estou aprendendo que meus livros tem mais a me ensinar sobre o que me interessa e que o tempo gasto com eles é mais proveitoso do que conscientizar esse mundo de futilidades.
 Mas voltando a esse período bom que vivi aqui no Rio, amanhã acabo essa fase, a minha participação como soldado de Macbeth encerra-se com muita alegria, carrego novos atributos como artista, novas vivências com o que pretendo ser (diretor) e com uma sensação de missão cumprida, e uma missão-chave cumprida! 
 Agora vou conseguir comprar a câmera que tanto sonho e vou poder fazer meu humilde cinema, começando pequeno mas com ânsia de um dia ser gigante, e isso marca minha carreira, é como um segundo passo firme, do qual sabe-se que mesmo que o mundo desabe no sentido contrário, seja onde eu estiver e como estiver, esse passo não sairá do lugar e me manterá firme.
 Estou feliz, queria dividir essa novidade com todos, pois a mesma não me deixa dormir, e quando se está em um quarto de hotel solitário e sem amigos se tem que conversar, seja como for! Hahaha...
 Uma semana maravilhosa a todos, assim que tiver a câmera em mãos vou fazer uns testes e mando para assistirem...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Um brinde a realidade e a filosofia...

 Lendo sobre Einstein, Aristóteles, Descartes, Voltaire e Rousseau, uma vontade enorme de escrever tomou conta de mim. Afinal, o que teriam de tão diferente esses homens, que viam claramente o futuro e o que ele iria se tornar, o que os fazia se tornar visionários de um mundo caótico o qual preveram com tamanha excelência e acerto?

 O que pensava Voltaire quando escrevia "O homem nasceu livre e por toda a parte vive acorrentado", ou Einstein quando disse "Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade"? Qual mundo Rousseau citava quando falou "Quanto mais do mundo vi, menos pude moldar-me à sua maneira" ou Descartes que havia dito que "Não há nada no mundo que esteja melhor repartido do que a razão: toda a gente está convencida de que a tem de sobra"? Seria o mundo onde "Todos os trabalhos pagos absorvem e degradam o espírito" de que falava Aristóteles?

 Acredito que quando o homem alcança um nível intelectual elevado, ele para e olha para dentro de si e reflete sobre toda sua história a ponto de arrepender-se de parte dela. Parece que a introspecção vem como item obrigatório do opcional "intelecto elevado", seguido dos também obrigatórios "crise pessoal", "depressão" e "inconformidade" com a realidade. O que esses homens perceberam que os deu tamanho conhecimento do mais profundo do ser humano a ponto de acertar em todas suas constatações sendo que viviam há muito tempo atrás?

 A filosofia - do grego Φιλοσοφία, literalmente amor à sabedoria - procura estudar todos problemas relacionados ao homem. Todos esses eram filósofos, com exceção de Einstein, e tinham um intelecto superior a grande massa, isso tudo é concordante e concreto. Sendo assim, seria a filosofia usada por um bom e inteligente filósofo um "manual de instruções" do homem?

 Quanto mais vejo as constatações de todos esses, mais me impressiono com o acerto e a atemporalidade que elas tem, o que torna o ser humano "óbvio". Seria então o ser humano, que todos dizem "incapaz de prever" ser tão previsível?! E se for, o que nos faz hoje em dia, centenas de anos depois não conseguir prevê-lo? Será que o nosso hoje em dia tão avançado e tão ambicioso tem nos feito cada vez mais cegos as realidades humanas, aos sentidos, as coisas intelectualmente previsíveis?!
 Nosso hoje em dia está se tornando, numa progressão incontida, uma virtualidade cada vez maior, seria talvez esse o fator que nos põe incapazes de prever o ser humano atual? Cada vez mais temos processos educacionais e formadores de consciência que fazem o indivíduo repetir e repetir informações, onde o resultado final é mais importante do que o processo para chegar ao mesmo, seria talvez o virtual, onde tudo se pode, o escape ou o real resultado disso? Segundo Voltaire "O homem nasceu livre e por toda parte vive acorrentado", há algo mais claro do que isso hoje em dia? Quantas pessoas vivem dependentes, viciadas, alienadas de tudo por não aguentarem a realidade, e quantas cada vez mais entram nesse círculo de correntes, ficando mais e mais presas a diversas dependências cotidianas e comportamentais.
 E Einstein? Será que ele previu o "facebook", as "redes sociais"? Sua frase "Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade" parece endereçada aos dias de hoje, onde vemos quase toda população viciada e dependente das tais redes sociais, onde o contato real cada vez fica menor e o virtual ocupa um espaço quase que obrigatório na vida das pessoas, acabando com todo o tempo que o homem tinha para pensar, refletir e questionar, hoje o que o homem quer são "respostas prontas".

 Onde estariam nossos Rosseau's que desacreditam da razão e escreveram os "Fundamentos da desigualdade entre o homem"? Onde estão as pessoas que falam "Quanto mais do mundo vi, menos pude moldar-me à sua maneira"?

 A frase de Descartes hoje em dia é uma alusão a ignorância do homem, que acredita ter a razão, mas somente acredita, fazendo-o um mentiroso para si mesmo, o que torna o homem mais fraco, fato que não precisa de muita análise para ser comprovado, é fácilmente constatado pela tamanha futilidade que nos cerca e pelo imenso jogo de interesses que virou a vida atual, o homem virou um ser imensamente inseguro por dentro e com uma protuberante casca de guerreiro por fora, a qual tão frágil quanto um cristal.

 Aristóteles teve razão, o que ele falou aconteceu exatamente como dito, o trabalho pago não só absorveu o espírito do homem como degradou o mundo, fazendo-o um poço de individualismo onde a compaixão é um sentimento estranho e a bondade já não reina há tempos.

 Tenho medo dos dias de hoje, se há tanto tempo atrás podia-se prever o homem, e ele já não tinha uma previsão favorável, talvez hoje a falta de previsão indique que o pior esperado possa ter já superado esse limite, o que não dá boas chances ao "homem moderno". Não consigo ver uma resistência ao sistema ou uma mudança positiva na nossa realidade, parece que cultuamos o passado e muitas de suas maravilhas como se fossem intocáveis ou incapazes de ser vividas novamente, mesmo no campo emocional do ser humano. Vivemos em um caos do qual preferimos nos tornar parte dele à resistir e lutar contra, como se não valesse a pena lutar pelo que se acredita, e entregar-se a ridicularidade dos dias de hoje fosse interessante. A progressão com que as pessoas vem se contentando com o pouco e cultuando-o como muito cada vez é maior, como se ouvir Mozart fosse um sacrifício, mas ouvir Restart fosse um prazer. Nossos ídolos parecem realmente ter ficado no passado, e nós não possuímos novos ídolos atuais compatíveis, como se a virtualização nos minimizasse o intelecto a ponto de aceitar "o que tem para hoje".

 Quanto mais vivo mais tenho medo da nossa realidade, procuro debatê-la e enfrentá-la, mas cada vez mais sinto me rodeado somente de uns poucos malucos dispostos: Voltaire, Einstein, Descartes, Aristóteles e Rousseau... Um brinde! A realidade e a filosofia...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Valores de uma geração

 Hoje venho falar sobre uma coisa que muito me preocupa, o valor que nossos colegas "nos dão". Vocês vão entender o "nos dão" em seguida...

 Uma profissão que eu admiro e pretendo seguir é a de diretor, quero trabalhar com cinema, vanglorio toda a magia e dramática que um filme nos dá, simples, direta e sincera. Mas como todas outras profissões, a profissão em sí não é uma profissão barata, muito menos os equipamentos para trabalhar com ela, e é aí que chego no ponto de hoje, "valores".
 O que mais vejo hoje em dia são produtoras independentes,  fruto de uma geração que tem o cinema digital mais acessível se comparado ao antigo, onde câmeras que filmam clipes, publicidade, curtas, hoje custam a média de 8 mil reais e tem a qualidade necessária para tal. Gosto disso, acredito que quanto mais as pessoas "normais" obtiverem acesso aos instrumentos de criação, mais será criado e mais as pessoas vão pensar, aprender ou ignorar, mas terão acesso a novas idéias, mesmo que absurdas! 
 Mas é nessa relação do novo cinema com a nossa velha arte que mora meu desejo de mudança, minha inquietação por causa da relação das pessoas que se dizem profissionais e atores, atrizes. Não acho justo uma pessoa que diz ser "diretor" de cinema, dono de produtora ou produtor, convidar atores para participar de seus filmes sem a menor remuneração, com o tal do: "Pagamos transporte e alimentação, mas nada de cachê!"... Um equipamento básico de produção, para uma qualidade MÍNIMA, exige aí uma câmera de no mínimo 8 mil reais, se for como 90% de hoje em dia, são as câmeras fotográficas da nova geração canon/nikon, que gastam mais uns 3 mil reais com adaptações para filmagem, uma iluminação de no mínimo 5 mil reais, mais toda estrutura elétrica, equipe, totalizo uns 20 mil reais de investimento, MÍNIMOS! Então, se essa pessoa que investiu esses mínimos 20 mil reais, sem contar sua profissionalização, jogando baixo o menor curso de direção de cinema que conheço custa mil reais por mês durante dois anos - mais 24 mil - . Essa pessoa, que gastou aí seus 44 mil reais e espera fazer um filme, ser reconhecido, ganhar prêmios, dinheiro, essa pessoa se acha no direito de chamar atores para trabalhar sem um cachê mínimo? De graça?
 Me pergunto muitas vezes se as pessoas pensam que ser ator é como mágica - acontece do nada - pois parece muito insignificante o Ator para o resto do mundo, o ator não deve ter estudado, gastado seu dinheiro com sua profissionalização e aprofundamento em mais e mais oficinas, cursos, porque ninguém quer pagar o ator, é incrível isso!!! As "produtoras independentes" lembram de pagar todo mundo, faxineira, iluminador, contra-regra, cabelereiro, mas nunca o ator, o ator não precisa ser pago, imagine!
 Mas também não posso ausentar a culpa por parte dos nossos, tenho amigos e mais amigos que simplesmente aceitam essa condição, e como já citei uma vez no blog, vendidos que cada vez mais prostituem nossa arte, porque até onde eu sei eu dou um duro danado para pagar todos meus cursos e nada me veio de graça, assim como todos meus colegas. 
 Aí me vejo entre a cruz e a espada, pois sei que de minha parte não aceito esse tipo de trabalho mas por outro lado vejo mais e mais amigos incentivando os "produtores independentes" a continuarem com tamanho abuso. Não, não exijo cachês milionários, sei da dificuldade que todos passam, mas também não acredito no trabalhar de graça, como já disse, essas pessoas tiveram um gasto para estar onde estão, e 1% dos 44 mil já é suficiente, que ator não gostaria de fazer um curta por 400 reais que fosse de cachê? Muitas vezes isso salva o aluguél ou mercado que seja da pessoa. Muitas vezes, esse não chega a 10% do retorno que as produtoras tem, pois há também a tamanha falsidade do "não estamos ganhando nada com isso", mentira, hoje em dia os santos já foram canonizados e ninguém faz mais nada na boa vontade.
 Fica meu apelo aos amigos e colegas conscientes, acho que já passou da hora de nos unirmos e lutarmos contra essa condição, seria de muito valor dizer hoje um NÃO para amanhã dizer com muita alegria um SIM...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Um Bonde Chamado Desejo - Filme

"Um Bonde Chamado Desejo", de Tennessee Williams, dirigido por Elia Kazan;
 Estrelado pelos maiores astros da época, Um bonde chamado desejo tem no elenco ninguém menos que Vivian Leigh e Marlon Brando protagonizando o filme. Esse filme, um dos clássicos premiados de Tennesse Williams, poderia também ser chamado de Blanche, devido a proporção que a protagonista toma no decorrer da história.
 Blanche (Vivian Leigh), uma decadente professora de Mississipi, aparece logo no início do filme indo a casa de sua irmã Stella (Kim Hunter), dando ênfase a linha que a leva ao bairro da irmã, a linha Desejo. 

 Da chegada de Blanche a casa da irmã até o final do filme, a história toda se passa no mesmo cenário, o apartamento de Stanley (Marlon Brando) e Stella, o que já me faz considerar o filme como magnífico, simplesmente admiro a capacidade e a complexidade de dramaturgos desenvolverem uma história com base em um único cenário, com no máximo duas tomadas fora, isso para mim é de uma excelência enorme quando dá certo, pois se trata do trabalho dos atores em sua essência, como se fosse no teatro, um palco, um cenário.
 O filme instiga o espectador conforme avança. Os três tipos que são apresentados: Stanley, o operário bruto que faz contrapartida a Blanche, a refinada falida e Stella, a mulher submissa, servem um de combustível dramático ao outro, cada ato de um reverbera nos demais e cria consequências que levam a silêncios ou brigas memoráveis. Stanley e sua avidez em desmascarar Blanche e seu passado fazem com que Blanche enrole-se em suas mentiras e tropece cada vez mais, revelando sua loucura e seu anseio desesperado e infantil em conseguir um marido. Blanche por outro lado, mesmo sabendo do perigo que corre ao lado de Stanley, parece dar corda para suas investigações, sugerindo um interesse quase que sexual nele, visto que ela o toca em diversas vezes.
 Blanche parece não ter uma personalidade, mas sim dissimular várias. Quando é tocada a fundo todas suas máscaras caem e vemos uma mulher sem persona, um ser vazio que justifica seus atos através de lembranças, nem sempre verdadeiras, um caso interessante de uma complexidade psicológica violenta.
 Stanley, ou pelo menos o Stanley de Marlon Brando, é único, de uma mesma faceta que parece insistir durante o filme todo, sua raiva impera durante todo o tempo e seus caminhos sempre acabam em gritos e discussões. Sua complexidade psicológica talvez seja a menor dos três, seu caminho de pensamento após os 3 primeiros segundos está ligado a seus braços e a quebrar coisas, é assim o filme inteiro.
 Quando o filme se encerra, na hora em que o responsável pela internação de Blanche chega e se apresenta a ela, ela parece desferir mais uma de suas  pérolas, uma definitiva que ataca a nós mesmos, assim como aos personagens que a "ampararam" no começo da história, "Nunca duvidei da benfeitoria de estranhos", e nisso ela segue de braço dado com um estranho total a ela, mas que parece representar um bem maior do que sua própria irmã e todos que a receberam lhe deram, que parece representar maior carinho e afeto que teve desde que largou Belle Reve, que parece ser o que nós mesmos chamamos de auto-ajuda, consciência, o que nos tira do ponto zero e nos leva para algum lugar, mesmo que não seja esse o melhor, mesmo no auge de sua demência, Blanche não perde a pose e sai como quem iria viajar pelas ilhas do Caribe, de cabeça erguida e na pose. 

 Blanche é tão forte no filme, que mesmo depois que ele acaba ela continua na nossa cabeça, parece nos intrigar sobre seu fim, qual foi? Como se sucedeu? A que nível chegou a demente que talvez nem fosse tão demente assim, mas sim carente. Blanche tem várias faces, quanto mais a conhecemos mais faces ela nos mostra, seus olhos parecem ser um baú de segredos, um poço sem fundo... Talvez seja até essa a mensagem dos 3 personagens chave do filme, a necessidade de compreensão que falta a indivíduos atingidos pela marginalidade, violência, solidão, homossexualismo e o inconformismo pela realidade, fato esse que beirou a vida do autor Tennessee Williams a vida toda, acredito inclusive que o Stanley que vemos aqui seja um auto-retrato de seu pai, assim como a Blanche seria o da sua irmã esquizofrênica Rose, a qual Tennesse era fortemente ligado e inspirou outros personagens que ele veio a criar.
 A maestria de milhares de mulheres a uma só: Blanche Dubois! O filme é dela, sem dúvidas!