domingo, 20 de março de 2011

Eu queria...

 Eu queria ser diferente, ser "normal" como todo mundo, não ter ambições que envolvessem os outros a minha volta, pensar unicamente no meu ser e no meu conforto, queria estar contente com uma vidinha mais ou menos que mal desse para pagar as contas e me deixasse na minha zona de conforto até o fim da vida, eu queria ser mais "normal".
 Juro que queria olhar para as coisas como se elas não me afetassem, queria olhar a miséria alheia e não sentir o que sinto, olhar para aquela pessoa mal vestida, passando frio, fome e simplesmente falar: "é um viciado vagabundo", e não pensar no que o levou para aquela situação, o quanto sofria toda noite enquanto eu dormia no meu conforto todo,  gostaria muito de não ser afetado por todos fatores externos que me afetam, ser muito mais indiferente com o mundo e assim viver minha vidinha medíocre na boa.
 Queria ter a segurança que hoje em dia 90% das pessoas tem, acreditar que sou o melhor no que faço e que nem uma palavra superior a minha poderia me convencer do contrário, acho isso digno, é de uma prepotência tamanha que me faz até duvidar que a pessoa tenha algum medo ou problema, mas infelizmente não sou assim.
Queria conseguir olhar dentro do olho da maioria das pessoas e acreditar na essência delas, acreditar que mesmo dentro daquela casca de vaidades existe um ser fantástico que se importa com os outros e quer lhes fazer o bem, que aquela casca é temporária, que ele não vai mais usar as pessoas para suprir suas vaidades e inseguranças.
 Eu queria que as pessoas voltassem a ser autênticas, que não abrissem mão do que pensam e não vendessem seus sonhos e suas vidas por favores, status e outras tantas coisas artificiais. Gostaria que as pessoas falassem o que realmente pensam de boca cheia e que cada vez que mentissem elas sentissem uma parte de si se perdendo, assim se dariam conta de que isso não vale de nada.
 Queria que o ser humano voltasse a ter seu valor não pelo que possui, mas pela sua capacidade, que o destino de um homem estivesse totalmente na sua mão, que fatores sociais fossem secundários.
 Eu queria que o mundo acabasse, acabasse em um grande clarão, que todos pudéssemos estar perto de quem amamos e que o último momento fosse limpo de qualquer maldade e interesse, seria um único momento que vale mais do que meus últimos 10 anos de vida.
 Eu queria muitas outras coisas, queria continuar nesse sonho por muito mais tempo... Eu queria não ter de voltar a realidade...

1 comentários:

Anônimo disse...

Eu queria..filosofar.

Talvez a normalidade, em seu conceito atual, não me fizesse ler o que você escreve. Caso fizesse, facilmente passaria batido, sem instigar meu pensamento ou simplesmente a minha vontade de pensar.
Me pego pensando no conceito do que é normal nesses tempos. Junto à isso, a atitude das pessoas em relação à tal normalidade.
Nos preocupamos tanto em ser sempre melhores, em produzirmos mais, que quando isso acontece, não sabemos o que fazer. Nos perdemos em meio à tanta informação e ambição. Perdemos o foco do que nos moveu esse tempo todo. Talvez por não termos nos preocupado em ter um foco real, talvez por não darmos importância à nossa essência e nem conhecê-la direito.
O que se perde na maioria das vezes é a vivência. Cada vez mais somos fabricados, projetados por uma ambição alheia e movidos por isso. Nos comprometemos com uma porção de coisas e não nos dedicamos à cada uma delas como se fossem únicas. Costumamos botar a culpa no tempo, que é escasso em sua maioria. Acho que perdemos a noção do tempo também. Nossa realidade está tão escrachada e não temos tempo para percebê-la.
Em meio à essa realidade às avessas ainda temos o prazer de nos deparar com pessoas cujos ideais fogem do que seria normal.
Nos faz pensar que ainda tem pessoas que, se não conhecem ao todo, ao menos procuram a cada dia por sua essência. Se deixam tocar pelo o que vêem. Isso é vivência, é, acima de tudo, humano.
Que você continue se questionando e que o pensamento te mova, faça você sair do lugar. Sentir que seus pés não se firmam no chão de vez em quando é a prova do quão normal e real você é.
Belo post, irmão!
Grande abraço.

Guilherme Mazzei.

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