sábado, 4 de dezembro de 2010

Love...

Isso é só uma música, não é de minha autoria, mas achei muito bonita a letra e quero compartilhar com vocês, pois se trata de um sentimento cada vez mais raro nos dias de hoje. 
 Estou pirando de tantas coisas para fazer, por isso não tive mais tempo de escrever aqui, devo ter uns 30 filmes novos que ainda não ví, uma porção de livros que quero ler e dividir com vocês, mas ainda não tive tempo.
 Bom, por enquanto apreciem essa bela música...

Amor (Love - Jaeson Ma ft Bruno Mars)

Agora, Hollywood quer quer que você pense que eles sabem o que é o amor.
Mas eu vou te dizer o que é o amor verdadeiro.
O amor não é o que você vê nos filmes.
Não é ecstasy, não é o que você vê naquela cena
Você sabe o que eu quero dizer? Eu estou dizendo a você agora, o verdadeiro amor é sacrifício.
O amor é pensar nos outros antes de pensar em si mesmo
O amor é altruísta, não egoísta. O amor é Deus e Deus é amor.
Amor é quando você da a sua vida para outro
Seja seu irmão, sua mãe, seu pai ou sua irmã
É ainda dar a sua vida por seus inimigos,
Isso é inimaginável, mas pense sobre isso:
O amor verdadeiro
Pense.
O amor é paciente, o amor é bondoso.
Não é inveja, não vangloriar-se
Ele não é orgulhoso. O amor não é rude, não é egoísta
Não se irrita facilmente, não guarda rancor
Você vê o amor não se alegra com o mal mas sim com a verdade.
Ele sempre protege, sempre confia, sempre espera, sempre persevera
O amor nunca falha. O amor é eterno
Ele é eterno, nunca para, vai além do tempo
O amor é a única coisa que irá restar quando você morrer
Mas faça a pergunta por quê? Você tem amor?
Não há maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos
Agora você está disposto a dar sua vida por seus amigos?
Você provavelmente está disposto a entregar a sua vida para sua mãe
Seu pai, ou seus melhores amigos
Mas você está disposto a dar a sua vida, mesmo para aqueles que te odeiam?
Eu vou dizer a você quem fez isso
A definição do amor é Jesus Cristo. Ele é amor
Os pregos em suas mãos, os espinhos em sua testa
Pendurado em uma cruz pelos seus meus pecados
Isso é o amor que ele morreu por nós, enquanto nós ainda o odiávamos
Isso é amor
Deus é amor verdadeiro, e se você não conhece esse amor
Agora é a hora de conhecer, O Amor Perfeito
Eu vou colocar você na minha frente
Então todo mundo poderá ver
Meu amor, este é o meu amor
Eu sei que vou ficar bem
Contanto que você seja meu guia
Meu amor, este é o meu amor

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Retratação

 Venho através deste fazer uma retratação a postagem anterior sobre a peça "Uma Gota de Rancor".

 Acredito ter sido muito infeliz em certas frases, que acabaram por levar o tema para outro sentido, o qual comprometeu seriamente nomes citados e por questão disso sinto me obrigado a me retratar.
 Tenho um sério problema pessoal, que talvez seja acentuado pela minha situação aqui em São Paulo - não sou uma pessoa bem financeiramente, sempre ralei desde muleque, muito, com certeza mais do que qualquer outro colega que eu conheça, e por isso dou um valor exagerado a tudo que possuo - mas é o seguinte: Odeio pessoas ou coisas não levadas a sério, e por muitas vezes acabo tomando a minha verdade como absoluta, fato extremamente ignorante e de falta de senso.

  Queria me retratar com a Escola, em primeiro lugar, pois acabei escrevendo frases que para quem lia soavam diferente a minha intenção ao escrever.

 * O termo "financeira" quando escrevi, referia-se a minha classificação dos alunos, que na sua grande maioria são de um maior poder aquisitivo e de um desinteresse de mesma proporção, os tantos que não pretendem ser artistas, simplesmente celebridades, não se refere a uma escola que tem somente interesses financeiros nos alunos, a prova mais bem dada disso é a minha própria, que sempre tive o maior auxílio possível da escola, era bolsista, nunca me foi negado nada, sempre tive total dedicação de atenção por parte dos mestres e do próprio diretor Hudson, o qual me sinto muito mal por ter passado uma imagem contrária a que construí esse tempo todo.

 * O termo "direção", referia-se a direção da peça, não a escola, adiante entrarei nesse assunto.

 Um dos meus "problemas" é amar demais aquele lugar, tenho uma paixão violenta pela escola que frequento, porque sei que é a melhor, admiro o Wolf como um ícone a ser alcançado, baseio toda minha carreira na imagem dele, tenho uma utopia talvez de amar muito o que faço, o que já foi até referido em aula como "um pouco demais e até perigoso para mim mesmo", muito me incomoda o descaso das pessoas com os cursos, com o que dizem ser sua futura profissão, salvo algumas pessoas, claro, e infelizmente tento sempre propor meios de solucionar os problemas dos outros, quase sempre por discussões ou textos, coisa que nem é do meu particular, mas que acabo tentando resolver por "um bem maior".

 Em uma dessas "tentativas" propus uma discussão sobre vereda e fiz a burrice de ouvir uma colega que se  passou por assistente de direção - ou foi outro erro absurdo da minha compreensão - mas que de fato NÃO É a verdadeira assistente, que me aconselhou a não procurar o diretor Ferrara para esclarecer minhas dúvidas, sendo assim as tomei como sem resposta e passei adiante, burrice minha, volto a dizer.
 Como não pude conversar com o diretor, usei perguntas contra um argumento de outro diretor que eu já trabalhei, e acabei novamente errando incitando uma comparação de dois trabalhos igualmente magníficos e que não necessitam comparações.

 Devo minhas sinceras desculpas ao diretor Sergio Ferrara, talvez por me expressar mal acabei como um juiz sobre o seu trabalho, e não tenho a menor capacidade ou competência para tal, me sinto mal realmente, pois sei que do mesmo modo que julgo posso ser julgado, gostaria e ainda vou falar com ele e pedir desculpas pessoalmente, pois reconheço que dentro dos meus questionamentos passei uma prepotência que não cabe a minha pessoa e devo me desculpar pela mesma.

 Enfim, quero pedir desculpas a qualquer um que se sentiu ofendido pelo que foi postado, sinto como uma responsabilidade tentar conscientizar a nossa geração que já não é boa, debater ideais de arte, criei esse blog como meio de discussões para crescermos juntos, não para alfinetar, e eu arrisco muito, procuro sempre aprofundar o que posso, pois temos que fazer a diferença, é o nosso papel como artistas, só que como não sou Deus, acabo errando, e feio! Só posso pedir desculpas a quem tenha se sentido ofendido, dentro do meu pequeno casulo acabo sempre tentando crescer mais e por vezes erro feio...

domingo, 17 de outubro de 2010

Tendências....

  Após 5 peças seguidas, de diferentes grupos, eis que me deparo com um mesmo detalhe em todas, a presença da nudez. Eis o assunto de hoje.
  Desde a semana retrasada venho assistindo várias peças por final de semana e essa idéia de discutir sobre o tal fato vinha me pressionando mais e mais, até que ponto a nudez explícita é necessária no teatro? Antes não me incomodava com o fato, mas de repente me vejo cercado de diversas peças com diversos temas  e TODOS contendo nudez, comédia, drama, tragédia, todos nús! 
 Minha concepção sobre teatro é de que a sugestão é sempre melhor que o explícito, o que não se mostra é muito mais interessante e brinca mais com a platéia do que o que lhes é entregue mastigado. De repente, como se fosse um mero fato apelativo - isto é, se realmente não é a intenção -, eis que meio elenco fica nu, eis que a fulana e ciclana ficam nuas, eis que beltrano fica nú.
 Tal teatro não me interessa, já temos a facilidade da nudez a qualquer hora através de milhares de opções, não acredito que em meio a uma vida tão caótica uma platéia com seus diversos problemas consiga prestar a atenção devida a uma cena com uma pessoa nua a sua frente, hoje em dia temos desejos, temos tentações, é normal termos nossa atenção voltada a outras coisas que não sejam ligadas com a cena, seria hipocrisia ignorar o fato e mentir a si mesmo de que nada de diferente está acontecendo.
 Me vejo nú em meio a tantas obras com tal "conteúdo", penso se a criação da cena com a tal brincadeirinha da "sugestão", de "deixar a platéia pensar", não seria mais interessante.... Se de repente nosso teatro não está vagarosamente sendo influenciado por tendências, por fatores apelativos que busquem a atenção do público mas sem uma real necessidade dramática, algo como inovar no desespero, sem um sentido dramático para aquilo, se o comercial independente do conteúdo e significado final tem conseguido mais e mais espaço, enfim, "SERÁ QUE É NECESSÁRIO?"  Acredito que o teatro tenha outra finalidade, que não seja interessante a nós possuírmos fatores determinantes de temporadas.
 Penso cada vez mais e peço para que essa "tendência" passe...

domingo, 19 de setembro de 2010

Back to Black.


 Oi, voltei!
 Sei que estou há três semanas sem escrever, sem postar nada, mas dessa vez a desculpa não foi nem trabalho nem falta de conteúdo, pelo contrário, ambos estão a todo vapor.
 O motivo pelo qual deixei de escrever foi que cheguei a um ponto que isso virou obrigação para mim, e tudo que vira obrigação perde o sentido mágico que existe e passa a ser mais uma tarefa ordinária da qual não se extrai alegrai alguma, tudo que eu não pensei quando comecei isso aqui. Aí decidi ficar ausente e durante esse tempo todo estive lendo, assistindo, mas não sentia a vontade de escrever ou comentar algo que achasse interessante com vocês. 
 Esclarecido o motivo digo-lhes que não estou acabando o blog, pretendo postar muito ainda, mas que estou em um período mais introspectivo portanto durante esse período minha participação aqui será muito menor, mas jamais abandonarei por completo, e, creio eu, logo logo estarei de volta a todo vapor, aqui!
 Cada dia que passa me sinto mais próximo de uma plenitude profissional, não financeira, esse é o terror do ator-estudante hahaha, mas uma plenitude que se resume em saber o que estou fazendo e fazer bem feito, é sentir mais do que tentar e realizar na medida exata, nem mais, nem menos. Estou longe de uma qualidade magnífica, mas consigo reconhecer e realizar melhor do que antes, e essa percepção me abre a visão para um horizonte cheio de possibilidades concretas, onde antes só havia sonhos agora existem caminhos, longos, curtos, mas existem e estão somente esperando o meu passo em direção a eles.
 O que antes era superficial agora começa a ter outra forma, acredito que isso seja bom, ignorar as coisas por menores que sejam talvez não seja saudável, aceitar o seu tamanho pequeno, ver que "Carvalho é carvalho e Bambu é bambu, que um não invade o espaço do outro e nem ao menos tenta ser o outro" é esclarecedor e acrescenta muito na busca de se tornar um profissional melhor, um ser humano melhor.
 Talvez eu comece com postagens com assuntos diferentes dos que seguia aqui, porém de tamanha importância como os que sempre foram postados, por hora acredito que é isso, uma ótima semana amigos!

domingo, 22 de agosto de 2010

Filadélfia

"Filadélfia", por Jonathan Demme.

 A história de um promissor advogado que perde seu emprego repentinamente após uma grande conquista pode ser simples, mas e se fosse um jovem advogado com AIDS? É com essa situação que vamos conhecendo a história de Andrew Beckett (Tom Hanks), um promissor advogado de uma empresa de prestígio na Filadélfia e que tem seu emprego cortado da noite para o dia.
 Com uma atuação maravilhosa, verdadeira e muito intensa, Tom Hanks extrai a mais profunda comoção do espectador e apresenta a história de Andrew. Nesse filme, que foi rodado em 1993, somos apresentados a uma Filadélfia de preconceitos e homofobia onde um homem tenta restituir sua honra depois de um golpe em sua carreira.
 Desde o começo já nos é apresentada a doença de Andrew, sua luta para administrá-la e o rumo que o mesmo vai tomando por conta dela. Após sua demissão, Andrew certo de que foi vítima de um golpe resolve levar sua empresa a suprema corte, para isso conta com o apoio do advogado Joe Miller (Denzel Washington) e Miguel Alvare (Antonio Banderas), o namorado de Andrew.
 A intensidade com que a Tom Hanks trabalha é praticamente uma aula de interpretação, sua expressão, sua angústia, cada minuto que o filme avança vemos o sofrimento do personagem aumentar, e o melhor disso é ver que o ator embarcou nessa, temos uma cena onde Andrew descreve uma ópera que é arrebatadora! A profundidade que seu olhar nos leva desperta intrigas e nos prende a pensar o que faríamos na condição dele, um homem com a morte sentenciada! A troca que ele tem com o público é de uma intensidade que quebra qualquer convenção de comunicação, é de arrepiar! Denzel Washington também trabalha bem, mas não foge do seu tipo para o personagem, é durão, amargo, não foge disso, acho que trabalhou tendo consciência que a cena em quase todos momentos era do colega, o que demonstra uma bondade enorme, um saber se comportar em cena pensando no todo e não no seu próprio destaque. Quem também rouba a cena é Antonio Banderas, que por seu personagem ser o companheiro de Andrew ele contribuía com o clima da cena de uma maneira incrível, nos momentos de dor ou alegria o seu Miguel dava um toque único que gerava algo em Andrew e nos direcionava para algum lugar.
 O filme todo se passa na luta dos dois, no avanço da doença de Andrew e no julgamento do processo. Acho que por ser um filme de 1993, a caracterização mandou muito bem, pois as lesões que Andrew tinha eram muito reais sem beirar o exagero. 
 Olho tudo que escrevi e sinto um aperto, penso ter escrito pouco pelo tamanho que achei do filme, pelo tanto que me comoveu assistí-lo, mas o filme é basicamente o trabalho de Tom Hanks, o qual já comentei, os demais são acréscimos que só ajudaram a tornar o mesmo uma obra-prima, e como não quero cair no segmento sinopse do filme acho melhor ir parando por aqui. Foi indicado ao Oscar por: Melhor ator, melhor canção original, melhor maquiagem, melhor canção e melhor roteiro original.
Boa semana a todos!


O Amante

"O Amante", de Harold Pinter com direção de Francisco Medeiros.

 Uma comédia/drama que trata do assunto mais banal a casais, a fidelidade. Com esse tema tão delicado Paula Burlamaqui e Daniel Alvim atacaram o texto de Harold Pinter comandados por Francisco Medeiros. 
 A peça gera uma identificação unânime na platéia, o que é bom. Vemos um casal aparentemente normal - Paula como Sarah e Daniel como Richard - com uma característica a mais: ambos tem um amante e aceitam isso tranquilamente. Esse é o princípio de todos os conflitos que se desenrolam na mesma e que nos prende atenção nos seus 80 minutos de duração.
 Como o próprio diretor afirmou, quando decidiu assumir a direção da peça, de início ele não sabia o que fazer, e realmente é uma tarefa muito complexa, pois a peça só vai dando o entendimento conforme ela finaliza, até então temos aparições intrigantes que apenas nos sugerem algo, mas muito longe da realidade do casal. As tais aparições são feitas pelo próprio Daniel, o que gera uma pequena confusão de começo, se é falta de necessidade de mais um ator ou se é algo proposital. Após uma segunda cena percebemos então o ouro do casal e o entendimento dos dois vem a tona, são um casal que vive de jogos amorosos com seus personagens distintos.
 Essa idéia foi abraçada por ambos atores, isso é visível e muito bom, pois eles fazem cada personagem nos mínimos detalhes e fazem muitíssimo bem, o que seria bobo se fosse uma brincadeira real de um casal se torna interessantíssimo feito pelos dois, fato que nos prende a atenção até o fim do espetáculo.
 Quanto ao conflito do casal, não é um conflito de uma profundidade ou que queira passar uma mensagem muito densa, é um simples casal com um problema banal, como qualquer um de nós, o que é muito bom, pois as pessoas tem de ir ao teatro também para isso, se identificar, não somente para chorar ou lavar a alma com um drama pesadíssimo. 
 Um ponto a mais para Daniel Alvim, que além de um excelente trabalho em cena, tem uma qualidade vocal que faz falta aos atores de hoje em dia, ouví-lo em cena é muito bom, sua projeção é excelente.
 Uma peça muito boa, vale a pena conviver 80 minutos com esse casal pra lá de interessante!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A importância de se dar o valor como ator...

 Aí vai mais um assunto que há tempos cutuca a minha cabeça para ocupar um espaço aqui.
 Escrevo isso em nome da minha indignação com o meio e com os que ajudam a torná-lo mais decadente...

 Desde que me registrei como ator profissional sempre observei e julguei que acima do registro, nós, atores com o famoso DRT, deveríamos ter uma postura de extremo profissionalismo e valor a arte. Infelizmente o que vejo hoje em dia é justamente o contrário, devido a fácil liberação desse documento - o qual deveria ser reformulado seguido de um rígido sistema avaliativo para obtê-lo -  nosso meio virou - em termos bem esdrúxulos - um "puteiro".
 Não consigo entender como as pessoas se submetem a tais coisas bizarras como atuar em peças sem o menor conteúdo cultural, interpretar personagens em feiras usando a roupa que fizeram em casa, fazer eventos como festas de aniversário temáticas e se dizem atores profissionais, poxa, não tenho preconceito ao último caso, pois conheço pessoas que fazem e sei da necessidade real de sobreviver, mas esse tipo de coisa NUNCA SERÁ um trabalho de ator, isso é simplesmente um animador de festas!
 Devido a essas pessoas que julgam essas atividades como trabalho cênico é que temos a desvalorização da imagem do ator e do seu valor em mercado, hoje em dia temos filhos da puta - com o perdão da palavra - que simplesmente apresentam peças por apresentar, em qualquer que seja o teatro, as vezes saíndo até no prejuízo, sem ganhar um mínimo tostão! E ainda chamam amigos, tio, vizinho e papagaio para assistir e fazerem promoção. Poxa! Assim nunca conseguiremos impor um nível artístico decente a nossa profissão, assim cada vez mais ouviremos: "Não, esse teste não tem cachê-teste, é um comercial de 30 seg em horário nobre, com EXCLUSIVIDADE de 2 anos e cachê de 2 mil reais com desconto de nota". Caralho, fdp, putaquepariu! Pega o desgraçado filho de uma cadela manca que aceita um trabalho desses e dá uma surra! Pessoas egocêntricas desse ponto é que NOS prejudicam, pois desvalorizam nosso trabalho, não devem ousar ser chamados de atores, são putas da pior estirpe! Esse papinho de sobreviver e bla bla bla é o cúmulo, vai animar festa igual os outros fazem, não se considere ator pelas animações, mas considere o ideal, por abraçar a nossa causa de valorização, isso já é um começo para um ator mais consciente.
 Por exemplo, uma peça ridícula, com um diretor fracassado, aspirantes a atores e com um material para lá de apelativo, feio e muito mal feito. Com qualquer 300 reais adiantados consegue espaço num teatro de fundo de quintal, com tios, vizinhos, avós e cachorros assistindo e promovendo e se dizem uma companhia teatral com uma peça em cartaz com grande clamor do público ao seu renomado diretor e o grande trabalho da equipe. Equipe? Que equipe?!
Se tem uma coisa que me orgulho mais do que os trabalhos magníficos que fiz, foi os que recusei! Por incrível que pareça nunca errei, todos não passaram de 1 mês em cartaz, TODOS! Agora, qualquer ator-de-feira-do-fundo-do-quintal faria, como uns tais fizeram, e se chamam atores por isso! Me indigna isso, rezo o dia em que entre uma pessoa responsável pela real cultura do Brasil e proponha uma reavaliação artística, sim, todos atores já formados e com seus famosos DRT's passarão por um novo teste para comprovar o seu nível artístico, garanto que 90% cai fora na primeira fase!
 O que mais vejo hoje em dia são atores-modelos que trabalham em feira tentando a carreira artística, agora enquanto escrevo esse texto perguntei a um que tenho contato se ele estava fazendo o curso X que é um curso de nome e qualidade no mercado, sabe o que ouvi de resposta?

"Esse curso além de ser caro (400 reais/mês o PROFISSIONALIZANTE de 1 ano) é todos os dias, não quero isso, to fazendo uma oficina que tenho aulas 1 vez por semana e em 1 ano e meio tiro o drt porque nós fazemos 4 peças nesse período..."

 Sério, vocês levariam a sério uma pessoa assim falando que é artista? Eu não!
 Sei que é quase em vão, mas proponho aos poucos amigos que lêem e sabem do que eu falo, que ignorem essa laia, esse povo com data de validade que suja nosso mercado, sejamos rudes e rígidos ao máximo para que coloquemos essas pessoas no seu lugar! Na minha frente atorzinho-de-feira-ex-modelo-dançarino(a)-gogo-boy(girl) vai ter que no mínimo me explicar a diferença entre Ibsen e Strindberg para que mereça a minha consideração....

 Uma ótima quarta-feira a todos...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O Vidente

"O Vidente", por Lee Tamahori.

 Tive a oportunidade de ver hoje em um dos meus poucos e raros momentos de lazer esse filme, protagonizado por Nicolas Cage, Juliane Moore e com uma pequena participação de Jessica Biel.
 Na trama Nicolas Cage é Cris Johnson, um cara normal que nasceu com a habilidade de prever o futuro 2 minutos além. Durante todo o filme vemos uma perseguição a Cris e uma série de erros que fizeram com que o filme fosse uma das desgraças de Hollywood.
  Cage foi muito criticado por esse trabalho, as críticas especializadas falam que ele vinha de uma série de fracassos, como "O Sacrifício" e "Motoqueiro Fantasma", não ouso ser tão severo, acredito mais que Cage simplesmente não ousou nesse trabalho, foi o mesmo Nicolas Cage que é em vários outros filmes e não conseguiu imprimir nenhuma característica do personagem que sobrepussesse sua imagem. 
 No desenrolar do filme, há uma incoerência enorme que contribui para seu fracasso. Não temos uma apresentação breve do passado do personagem e o filme parece que de uma hora para outra decide colocar suas idéias que foram apresentadas no sketch de pré-produção, temos o amor da vida de Cris que aparece do nada e com uma única noite se apaixona profundamente por ele, terroristas que sem a menor apresentação resolvem detonar uma ogiva nuclear em plena Los Angeles, não me perguntem o motivo pois esse também não foi explicado e uma ampliação instantânea dos poderes de Cris também sem explicação.
 Uma coisa que devo concordar com a crítica especializada é que Nicolas Cage já passou da idade de interpretar o mocinho, ele pode muito bem bancar um bom galã, mas chega a parecer ridículo ao lado de Jessica Biel, não há contraste, cada filme ele aparece mais careca e tentam esconder isso com penteados ou apliques, acho que passou da hora de aceitar o fato e trabalhar com o que se tem, o tal mocinho do filme não prende a platéia, pois de mocinho não tem nada.
 Com todas essas incoerências e com um final que parece "brincar com a inteligência" do espectador, só o que se salva é o trabalho de Juliane Moore, como uma agente do FBI que caça Cris para ajudar a encontrar a bomba, também tem seus exageros e uma referência a "Laranja Mecânica" que jamais poderia existir, mas trabalha bem e salva seu papel. 
 É bem provável que "O Vidente" teve um roteirista em crise, pois conforme conferi, o autor do qual se inspiraram para fazer o filme também inspirou "Minority Report", então o autor em sí deve ser muito bom, mas infelizmente o roteirista e toda equipe que trabalhou no filme pecou muito, por essas coisas que digo que não posso julgar a fundo o trabalho dos atores, acredito que principalmente no cinema, mais do que televisão e teatro, os atores e equipe são um conjunto que deve estar afinadíssimo para se obter um ótimo resultado final, e não é o que vemos nesse filme, vemos atores representando suas faces de sempre e erros que nos remetem a um filme de ação de 5ª categoria.
 Com efeitos pra lá de exagerados, "O Vidente" é um típico filme de Tela Quente que não merece lugar no seu final de semana!

domingo, 1 de agosto de 2010

Relatos de um homem sem fé....

 Isso não é uma resenha, nem nada que já esteve presente nesse blog, é um simples texto que escrevi em um determinado momento e achei legal postá-lo para abastecer o blog e por ter sido bem aceito em outro meio que publiquei....
"Vivo da luta e sempre lutarei. Sobrevivo sem sonhos ou ambições, simplesmente vivo por mera questão existencial e lutarei até o último momento para tornar esse existencial o mais notável possível aos meus semelhantes, seja com afeto ou com confronto, vivo da luta e sempre lutarei...
Desprezo o fácil e reprimo o falso, vivo como haveria de viver e supero a expectativa sempre que imposta como se fizesse de hábito, não respeito os que não devem ser respeitados e não temo os que merecem respeito, minha força vem da minha ironia de que destino algum tem o poder de me tirar tão fácilmente deste mundo... Não vim para vencer, vim para sofrer e mostrar que o máximo de nós mesmos é o mínimo dos outros, e que essa verdade absoluta reina desde o passado e não serei eu que haverei de mudá-la, mas nem por isso não devo ter o anseio de tentar - somente pelo simples deleite de um confronto - o que não se pode vencer é muito mais interessante do que o que já está derrotado...
Ridicularizo o homem, o qual não soube aproveitar as habilidades dadas e deixa de evoluir pois não tira o olho do próprio umbigo, deveras companheiro não é desse modo que se cresce, mas é o homem e seu universo de vidro, e eu que posso mudar? Não vim para vencer, vim parar sofrer, vivo da luta e sempre lutarei..."
Vinicius Olivo

 Mais uma semana de ensaios, 14 dias para o Criança Esperança 2010, tenham um ótimo dia.


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Juventude Transviada

"Juventude Transviada", de Nicholas Ray.

 Juventude Transviada é um filme que me ganhou nos primeiros 10 minutos. Já tinha ouvido falar da atuação de James Dean, que infelizmente morreu cedo, mas nunca pensei que houvesse tanta verdade e fé cênica em um ator tão jovem. Na verdade é um filme que impressiona pela quantidade de jovens e bons atores em cena.
Os olhares são impressionantes, e os gestos fundamentais para este filme que retrata uma juventude que desconta toda sua angustia de querer descobrir a vida e se encaixar no meio social, em brigas e futilidades.
É muito bom assistir a atuação de Natalie Wood com sua Judy e sua "queixa" na delegacia, no começo do filme, aos soluços. Além de bonita, o que tambem encanta é a forma com que conduz sua personagem e como é natural o tempo todo. Sal Mineo, com John Crawford, vai ganhando seu destaque aos poucos e lentamente encaminhando seu personagem para um final surpreendente. Nos seus olhos refletem sepre o turbilhão de sentimentos com relação ao mundo, as pessoas e principalmente a Jim Stark (James Dean) em que vê um pai, um amigo e por vezes parece até algo mais, mas sempre confia e se inspira nele.
O que chama atenção tambem são os detalhes nos cenários, mesmo os que aparecem poucas vezes e as locações, como a do planetário que mostra uma bela paisagem, e o figurino que reflete muito a personalidade de cada personagem e como se encontra em determinado momento de sua vida. Há quem diga que o filme peca pelos clichês que são recorrentes, mas sinceramente acho que em momento algum atrapalha a opinião do espectador com relação a história, porque não são mostrados de forma gritante, e sim de forma que chega até parecer um arquétipo, o que é bem raro de se conseguir.
Vale destacar que para a época que foi produzido este filme, foi considerado muito liberal e chocava as pessoas, em grande parte moralistas, que não estavam acostumados a ver filmes que retratavam jovens apostando rachas, abusando de bebidas alcoólicas ou usando armas.
Penso que é um filme que foi feito para ser eterno, não só pelos atrativos técnicos, mas tambem por retratar a juventude, que apesar da constante evolução, a rebeldia na sua essência continuará sempre a mesma.

domingo, 27 de junho de 2010

"Olhe para trás com raiva", de John Osborne por Ulysses Cruz

 "Olhe para trás com raiva", de John Osborne, dirigido por Ulysses Cruz e adaptação de texto por Marcos Daud.

 Um drama intenso e bem elaborado, é isso que Ulysses Cruz nos oferece de bandeja através dessa excelente adaptação de Look Back In Anger. Temos uma peça realista e densa do início ao fim, onde os conflitos principais dos personagens não batem de frente com antagonistas como de praxe nos milhares de dramas espalhados pela cena teatral. Os conflitos estabelecidos na peça são de modo geral contra a época, a Inglaterra pós-guerra que encerrava qualquer plano de jovens dotados de talento e ambição de realizar-se.
 Conhecemos o protagonista Jimmy Porter (Sérgio Abreu), um cara pra lá de revoltado que desenha muito bem esse sentimento de impotência contra o sistema, que parece lhe acorrentar desde pequeno e lhe mostrar as piores dores do mundo logo cedo. Jimmy tem consigo sua esposa Alisson (Karen Coelho), seu amigo Cliff (Thiago Mendonça) e a amiga de Alisson Helena (Maria Manoella), outros personagens - "tipos" - que nos retratam essa mesma impotência mas de outro ângulo.
 Sérgio Abreu merece os parabéns pelo excelente Jimmy, o ator trabalha a revolta e impotência do  mesmo sem exagerar, ele nos joga a sua realidade na época, discutindo consigo como se discutisse com a platéia seus questionamentos sobre o futuro do homem e seus sonhos, e o próprio decorrer das cenas o corta e nos faz perceber que nada que fosse feito mudaria, que essa é a realidade dele. Thiago Mendonça também trabalha bem, seu Cliff já aceita mais a realidade, sabe da sua ignorância e de certo modo parece gostar um pouco da vida, como ele mesmo diz, é um "amortecedor"  das brigas que acontecem entre Jimmy e Alisson e pouco mais anseia do que isso, só perto do fim da peça que vemos Cliff indo embora e tentando viver sozinho.
 No decorrer da peça vemos a história como se fossemos parte da mesma, em meio a cenas na platéia e questionamentos feitos por Jimmy que nos tiram da zona de conforto e nos fazem pensar muito, nos vemos também impossibilitados de agir, vemos que a peça avança e que os personagens parecem não se libertar daquela prisão que os rodeia, tanto que a peça não é uma espécie de folhetim que leva o bem contra o mal e o bem acaba vencendo, no fim as coisas estão no mesmo ponto do começo. Acontecimentos relevantes se sucedem ao decorrer da mesma mas no fim a peça parece não ter saído do lugar, os personagens continuam com seus mesmos destinos cruéis do início.
 Com um cenário impecável e uma produção pra lá de competente, "Olhe para trás com raiva" vale muito a pena, nos faz entender a história e olhar pra trás com muita raiva, fato! Mais um trabalho impecável de Ulysses Cruz e Marcos Daud, desde os meus tempos de Globe acompanho e quanto mais vejo mais anseio por ver, valeu o fim de semana, com certeza!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Paralelo sobre "O tempo e a personificação do ator em relação as outras profissões"

 Esse é um assunto que há tempos vem pulsando para sair da minha cabeça e vir para o texto, então hoje como tive tempo, coisa que cada vez está mais rara - por isso a falta de atualizações frequentes do blog - resolvi escrevê-lo.

 Primeiramente, esse texto tem dedicatória, dedico esse texto aos pais e as pessoas que zelam pela carreira dos que saem de suas casas em busca da profissão ator/atriz em busca do sucesso na mesma. Mais a frente vocês entenderão o porquê da dedicatória, de momento só confiem e leiam sem preconceitos...

 Temos vivido uma síndrome na sociedade atual, que se baseia segundo Augusto Cury na SPA (Síndrome do Pensamento Acelerado), ou como eu trato, crise de ansiedade. No mundo de hoje as pessoas estão sendo acomodadas a cobrar um imediatismo em tudo, nunca tivemos tantas opções de entretenimento e tratamentos alternativos para o ser humano afim de lhe dar o tão precioso "descanso, prazer". 

 E o que tem a ver o ator com isso?
 Tem a ver o processo, desde sua saída de sua cidade natal até o começo de seu trabalho e aprimoramento na profissão.
 Tirando nossos futuros-atores-modelo-fracasso-gambiarra-series, os reais atores sabem que o aprofundamento da profissão é algo muito demorado. Quando começamos a estudar o ser ator, estudar os métodos, acho eu que nos deparamos com o maior problema do ser humano, sua auto reflexão sem o intermédio da vaidade. Me atrevo a dizer que a profissão ator é a mais complexa de todas, não menosprezo as demais, mas gostaria que o leitor compreendesse o seguinte:

 Se decupássemos o processo MÍNIMO para se tornar um ator de pequena qualidade, teríamos aí uma média de 5 anos. Destes 5 anos, teríamos os 3 primeiros para:
* Uma primeira abordagem ao método; 
* Estudo das diversas abordagens propostas pelos mais diversos diretores;
* Leitura da dramaturgia considerada essencial ao ator (uma pequena parte dela claro)
* Um auto conhecimento das suas limitações;
* Um pequeno avanço dramático em cena;
* Uma concepção muito rasa do que é "estar em cena;
 Isso como eu disse, para se ter uma base mínima para estudo, daí em seguida, teríamos mais 2 anos que chamo de "Processo de Desconstrução", na minha opinião a melhor parte do processo, vulgarmente eu chamaria da hora do "Pede pra sair!".

 Dentro dos 2 anos do processo de descontrução do ator, o mesmo entra na sua fase de instropecção mais profunda, é aí que o mesmo vai começar a lapidar seu trabalho através do repertório que adquiriu através dos 3 anos de estudos e experimentos. 

 Nesse período o ator vai testar sua capacidade psicológica, sim, capacidade, pois o processo de descontrução é rígido, é onde a garota bonitinha que quer ser atriz da globo vai perceber que seu peitão e seu bundão não vão lhe dar a dramaticidade necessária para a personagem russa do início do século, por isso disse que é o período do "pede pra sair!". Quem realmente não tem interesse na arte, na masterização do ofício ator, vai sair logo no início, vai SE considerar pronto para o mercado, SE considerar competente e no máximo vai fazer uma peça amadora lá no espaço que acabaram de abrir embaixo da lanchonete do terminal de ônibus do taboão da serra ou uma pontinha na globo antes de voltar para sua terrinha lá nos confins do Judas. O mercado pode até dar abertura, mas o público é rígido, a crítica é severa, essas pessoas não duram.

 Já as que continuaram estão para passar pela parte onde perderão todas suas bases, se pegarem um diretor que tem métodos muito rígidos é capaz até de instigar a pessoa a uma depressão, pois o que vai ser cobrado é muito mais difícil do que uma simples leitura inicial, é onde a pessoa vai descobrir o arquétipo do personagem. Agora, se a pessoa tem estrutura para ir até o arquétipo sem enlouquecer, aí é de cada um.

Cheguei ao momento de falar porquê dedico esse texto aos pais e responsáveis pelos nossos aventureiros-futuros-artistas. Esse período como eu já disse é mínimo, um período considerável talvez seria de 7 a 10 anos para se tornar um bom ator, um excelente ator. Então lhes peço meus caros: "Por que somos cobrados a sermos bons atores, ricos, famosos em pouco mais de 2 anos?" Digo porque cansei de ver não só da minha parte mas também de colegas cobranças de familiares e responsáveis, mas que acho um pouco infundadas.

 Infudadas? Mas em que sentido? 
 No sentido real da vida, um estudante de medicina pode estudar 6,7 anos enquanto que sua família acredita que tudo está ok e somente acompanha e o apóia no processo. Qualquer outro universitário tem um prazo mínimo de 5 anos antes de uma cobrança real.

 Isso me entristece muito, pois vejo que a arte não é tão valorizada quanto deveria no Brasil, vejo e ouço comentários que desprezam o ofício como se um ator fosse um vagabundo, um prostituto sem ambição na vida, quando o mesmo deveria ser valorizado e reconhecido pelo seu trabalho. Vejo que o que importa nesse "país do futebol" é o canudo, é a formação resumida a um pedaço de papel, mesmo que os formandos não passem de meras máquinas de repetição de fórmulas e não seres pensantes, o que importa é o que se e não o que esta no interior.

 Graças a Deus o autor que aqui vos fala não tem esse problema - já ultrapassou tal barreira - mas gostaria de registrar para que os que ainda enfrentam esse desafio possam levar adiante esse texto e tentar mesmo que em vão conscientizar seus "superiores" de que:

"Arte também é vida, viver da arte é tão nobre quando morrer pelo que se acredita, então que se tivermos que morrer disso, que nos dêem nosso tempo para escrever nossa história com nossa própria assinatura..."
Vinicius Olivo


domingo, 30 de maio de 2010

King Kong

"King Kong", de Peter Jackson.

Hoje tive a oportunidade de assistir a mais uma versão do clássico King Kong, dessa vez pela visão do super premiado Peter Jackson, diretor do clássico trash "Fome Animal" e da trilogia "Senhor Dos Anéis".
 Tive que dividir a minha opinião em várias partes, pois adorei em vários quesitos e em outros achei muito artificial. Quanto ao enredo do filme, dividi nas partes Ilha da Caveira e Nova Iorque; Em toda primeira parte, onde se passa toda aventura do grupo na ilha, achei de uma artificialidade e uma falta de sentido enorme, acho que pisaram na bola com a idéia dos dinossauros - sei que há em outras versões - mas o foco principal na parte da ilha pareciam ser os dinossauros, só eles que ganhavam a cena, salvo uma única cena onde o Kong luta com 3 Tiranossauros. Outro erro enorme é quase no fim dessa, onde quando os homens entram na selva com armas pesadas, em várias pessoas, existem perigos de todo lado, após morrerem quase todos e sobrar somente o mocinho para recuperar a donzela do kong, ele atravessa a selva quase que intacto, sem sofrer uma ameaça, muito falso.Isso é o que chamamos em aula de erros de lógica.
 Já a segunda parte foi boa, curta mas bem trabalhada, nada de novo que já não se tenha visto nos filmes do King Kong quando ele está em Nova Iorque, revolta, um macaco maluco correndo solto pela cidade até subir em um arranha-céu que normalmente é o Empire State Building e ser fuzilado por aviõezinhos do mal.
 Quanto ao trabalho dos atores, me surpreendi quando ví no elenco um dos atores que eu admiro e observo sempre ótimos trabalhos, Adrien Brody, esse cara é de uma versatilidade e profundidade incrível, acho que se parar e pensar nas palavras "verticalização de um personagem" vou ter ele como referência. Adrien é um dos destaques do filme e faz muito bem o papel de mocinho iludido que luta contra tudo e todos pelo seu amor. Outra surpresa foi ver Jack Black não fazendo piadas, tudo bem, ele trabalha uma linha engraçada mas muito longe do que estamos acostumados a pensar quando ouvimos falar de Jack Black, nesse filme ele interpreta um cineasta obcecado pelo seu filme, que deposita todas suas esperanças e arma tudo que pode para terminar o mesmo, é legal vê-lo em um papel que não seja um estúpido, gosto de conhecer as outras faces de atores e atrizes que estão acostumados a um estilo de papel. 
 Fiquei em dúvida se a fotografia do filme realmente merece créditos pois o filme é um matrix da vida, 90% digital, mas se não merecer um pontinho a mais pelo menos merece ser notada, é, digamos que, interessante.
 Esse é o tipo de filme que indico pra quem quer ver algo legal e enrolar o sono, pois tem 3 horas de duração, não chegam a ser 3 maravilhosas horas de tensão e emoção mas digamos que dá pra aguentar umas 2:50 antes de pegar no sono... :D
 Boa semana a todos!

domingo, 23 de maio de 2010

Paradoxo Sobre Os "Futuros Atores"...

 Faz tempo que eu queria escrever isso, porém não tive mais a oportunidade de parar, graças a Deus minha vida tem sido muito corrida e tenho até deixado o blog um pouco as moscas, mas vamos ao que interessa:
 Faço parte de uma nova geração de atores, que serão o futuro artístico do nosso país, um fardo grande se considerado devidamente e acho que um pouco além do que podemos carregar.
 Não tenho uma carreira considerável ainda, são poucos mais de 4 anos estudando e uns 20 cursos esporádicos/regulares, oficinas e experiências do gênero, mas cada vez mais venho percebendo uma coisa que me preocupa, essa minha geração não tem real interesse em ser os melhores no que escolheram para a vida, simplesmente aceitam tirar um registro e se consideram "atores, atrizes". Nunca na vida ví tantos futuros profissionais despreparados culturalmente e tão disponíveis a baladas, agitos e festas. 
 Hoje nos corredores da minha escola, uma das que eu já fiz, pois há também no ramo isso, a generalização, os alunos da escola x são ruins e os da y não, MENTIRA, passei por várias e em todas existe esse mesmo caso. Os "futuros atores" não sabem falar de nada além de si mesmo, de seu péssimo desempenho em cena e como fotografam bem ou mal no vídeo, não conseguem entender que o tempo presente em aula é muito pouco para se aprender a construir um personagem, a criar uma dramática, obter um estofo necessário para dar embasamento ao seu trabalho. 
 Vejo claramente a ignorância cultural e o desinteresse no que deveria de ser essencial ao ator, a pesquisa, os "maravilhosos" alunos sempre com suas mesmas desculpas nunca tem tempo para pesquisas, sempre aparecem contratempos ou morrem parentes imaginários, mas é incrível como nunca perdem um gambiarra da vida. Digo isso pois sinceramente odeio e não faço questão de ter amizade com esse tipo de gente, esses meros pretendentes a atores, fúteis e vazios que acreditam já estarem preparados o suficiente; Sim, pois não condeno a pessoa se ela realmente é boa no que faz, então ela pode ter direito a um lazer, mas sinceramente, se temos tantos atores hoje em dia, mais de 10, 100 mil só em São Paulo, ou temos uma horda de maravilhosos seres que já atingiram o apogeu artístico ou então temos uma horda de egocêntricos que desconhecem seu trabalho. 
 Acho mais incrível que essas mesmas pessoas que estavam no dia anterior na balada, provavelmente bêbadas, loucas, ainda acham que tem embasamento para opinar no seu trabalho, sério, se tem uma coisa que odeio no ser ator é isso, na maioria só sabe dar pitaco, só o seu trabalho é excelente, o dos outros é em geral horrível, digo como um excelente ouvinte, juro, ouço o que os meus colegas dizem e filtro, acontece que o excelente "futuro-ator-de-ontem-na-balada" não possui embasamento, fala sobre o estético, sobre o superficial, não sabe expor sua idéia realmente e quando expõe a mesma não tem profundidade.
 Considero triste, mas por outro lado gosto um pouco, pois quem realmente se dedica e procura seguir a carreira de ator com amor e cobrança vai se destacar, vai passar dessa seara de coitados e vai atingir um patamar mais alto, talvez possamos então olhar pra trás e como o tempo já terá passado possamos ver o que mudou, quem sabe uma próxima geração que já tem teatro e música no ensino básico seja mais interessada e menos fútil não?! Quem sabe numa próxima geração iremos ter menos covardes que comentam o que não gostam pelas costas e mais seres inteligentes que desafiam e expõem sua opinião frente-a-frente, debatendo e defendendo suas idéias ao invés de se esconderem no cantinho da vergonha e chorar a sua turminha mais tarde...
 Deixo claro aqui meu desabafo sobre o que vejo e convivo, repugno a levianidade com a qual levam a vida e sua futura carreira, se é que vão chegar lá, eis a questão...

Cães De Aluguel

"Cães De Aluguel", de Quentin Tarantino;

 Tenho que começar dizendo que Cães De Aluguel é uma das idéias que eu mais gosto de cinema e sempre que posso paro e penso em algum roteiro que se encaixe nisso: pegar um cenário fixo, nesse caso um galpão onde se passa a história, ter poucas externas e um conteúdo dramático super bem bolado.
 Logo no início do filme fiquei empolgadíssimo, pois além de um elenco forte, tinha duas promessas, a de assistir ao primeiro filme de Quentin Tarantino na direção e a de ver ele mesmo no elenco, atuando! Tarantino faz uma pequena participação logo no início do filme, onde vemos os 7 mafiosos protagonistas da trama divagando sobre o significado da música "Like A Virgin" de Madonna, cult e nada óbvio, uma das marcas de Tarantino. O veterano Mr. White de Harvey Keitel, o misterioso Mr. Orange de Tim Roth, o falador Mr. Pink de Steve Buscemi, o sádico Mr. Blonde de Michael Madsen são fantásticos, conforme o filme anda vamos conhecendo um pouco de cada personagem através de flashback's que interferem em momentos que o clima pesa no galpão. O galpão é o ponto de encontro dos bandidos após um assalto a uma joalheria que acabou não dando certo pois a polícia já sabia - um dos bandidos era policial e avisou a polícia, que os esperou na saída, gerando um tiroteio e morte de alguns dos integrantes do grupo - os que conseguiram escapar foram para o galpão,  que agora é o palco de uma série de acusações sobre qual dos bandidos teria sido o traidor que avisou a polícia.
 Outra marca clássica de Tarantino no filme é o sangue. Sim! Há muito sangue no filme, não tanto quanto em Kill Bill mas o suficiente para umas poças no chão e para umas orelhas voarem, hehe... A violência presente no filme gerou uma revolução no modo como era retratada a violência nos filmes da época. Cães de Aluguel é um filme forte, intrigante, delicioso, agradável e com uma história consistente e o final não poderia ter sido melhor, sem dúvida um dos melhores filmes dos anos 90!

sábado, 8 de maio de 2010

Besouro - O Filme

 "Besouro -O Filme", de João Daniel Tikhomiroff.
 Faz dias que queria ver esse filme, a ansiedade sem dúvida era gigante, e posso dizer feliz: Adorei!
 Besouro é um filme que eu já depositava toda minha expectativa antes mesmo de ser lançado. Pela primeira vez estava vendo uma produção digna de Hollywood feita 100% no Brasil, e melhor, com um enredo que indicava não ter o estereótipo de filme brasileiro, ou seja, não ter tiroteios, favelas, 75% do palavreado baseado em palavrões e toda aquela história que já estamos cansados de assistir nos épicos "Tropa de Elite" ou "Salve Geral".
 Com um enredo muito bem bolado, o filme conta a história de Besouro, um capoeirista que foi criado desde novo por seu tutor, o Mestre Alípio, e após a morte dele Besouro decide enfrentar os diversos preconceitos que os negros sofriam mesmo após a abolição da escravidão.
 Conforme o filme corre, vamos conhecendo a história do candomblé, os orixás que protegem Besouro são muito bem representados pelos elementos da natureza e com uma fotografia muito próxima as ilustrações originais do candomblé.
 Besouro também teve uma participação especial atrás das câmeras, que foi o preparador Huen Chiu Ku, ele preparou todas cenas de lutas que se vê no filme, com todos aqueles efeitos maravilhosos usados nos filmes "Matrix" e "O Tigre E O Dragão". Uma das cenas que merece muitíssimo crédito é a da luta de Besouro e do Exu na feira livre dos negros, não perde em nada para os dois outros filmes que Huen preparou.
 Os atores também merecem crédito, são em geral novos no cinema, até participaram de uma ou outra produção global mas não são aquelas figurinhas clichês que tentam reproduzir seu papel marcante da novela no filme, pelo contrário, vivem muito bem os personagens que tomaram partido.
 A fotografia do filme é de um conceito interessante, segundo o diretor, ele contratou um especialista de fora, o equatoriano Enrique Chediak, e teve uma explicação muito boa para isso, "Quem está fora vê o Brasil com outros olhos...", tenho que dizer que ele acertou em cheio, é bom ter aquele olhar maravilhoso que nós brasileiros temos somente com os Estados Unidos e muitas pessoas de fora tem com o nosso país, o filme tem cores quentes, é "caliente", retrata bem o nosso Brasil Tropical!
 Com sequências de ação muito bem filmadas, planos sequênciais e abertos muito complexos, o diretor impressiona, pois este foi seu primeiro longa, sua especialidade eram filmes publicitários e logo de primeira acertou muito bem, sua direção foi impecável, claro que ví várias críticas sobre o filme, mas brasileiro ainda sofre desse mal, critica muito aquilo que não compreende ou não consegue fazer melhor, mas eu digo de boca cheia, dentro de todos meus sonhos de filmagens, câmeras, planos, equipamentos e roteiros que essa é uma obra-prima do cinema nacional.
Quando estou terminando uma postagem como essa me pergunto se não esqueci de nada várias e várias vezes, pois quero dividir com vocês a felicidade que sinto em ver que nosso cinema caminha para um futuro melhor, onde faremos filmes de conteúdo e com qualidade, e isso com toda certeza é o cinema do qual eu espero fazer parte!
 Boa semana a todos, abraços!

domingo, 2 de maio de 2010

P.S. Eu Te Amo

 "P.S. Eu Te Amo", de Richard LaGravenese.
 Ta aí um filme que eu queria ver há tempos, não só pelo fato de ter Hilary Swank, que já tem dois merecidos Oscar na estante, mas por Gerard Butler, o eterno Leônidas de 300, que vem me surpreendendo a cada filme que vejo. Já não acreditava quando o vi no Fantasma da Ópera, agora ele aparece na pele de um irlândes de meia idade super de bem com a vida.
 Os dois formam o casal protagonista da trama, um casal jovem, cheios de ambições e problemas, mas que ainda tem um amor maior que resolve tudo, o foco central se resume em mostrar a vida de Holly (Hilary) após a morte de seu marido Gerry (Gerard), visto que ele mesmo planejou tudo através de cartas para que ela conseguisse enfrentar e passar pelo período triste que é a perca de uma pessoa querida.
 Gerard aparece relativamente pouco no filme, mas sempre nas ocasiões mais dramáticas revelando um pouco de cada momento que deixou escrito nas suas cartas antes de morrer, é muito legal ver seu trabalho pois esse filme é o avesso de 300, onde ele era bruto e ignorante, aqui ele trabalha o lado romântico e faz muito bem feito, é com certeza o tipo de homem que qualquer mulher se apaixonaria, tem um carisma espetacular e uma sensualidade que domina, não falando em padrões estéticos, mas em padrões técnicos mesmo, ele sabe a hora de fechar algo mais tenso no olhar, a hora de ter liberdade de movimentos no plano, é tudo muito bem trabalhado.
 Hilary também não deixa pra trás, aliás, acho até que mais intenso o trabalho dela, pois além de trabalhar praticamente 75% do filme a tristeza e suas vertentes, ainda tinha que trabalhar sozinha, pois seu "marido" havia morrido, enquanto Gerard sempre tinha ela como partner de cena. Ela tem uma presença forte, que junto da trilha sonora, essa muito bem escolhida, com participações de grandes nomes como James Blunt, faz qualquer mocinha apaixonada chorar aos montes.
 Recomendo aos "casais quase perfeitos" esse filme e a todas pessoas que querem ver um outro lado do ator Gerard Butler. Boa semana!

Acabou!

 Não! Não é o blog que está acabando, é o musical que chegou ao fim!
 Depois dessa jornada de ensaios, apresentações e toda loucura que fazia parte, acabamos o "Making Musicals 2".
 Confesso que essa semana agora foi uma das mais difíceis dos meus últimos tempos, fazia tempo que uma sensação de vazio não preenchia tanto a minha pessoa. Corri muito, fiz várias coisas, mas parecia que tudo era em vão, que não tinha um sentido concreto ou que fosse valer a pena.
 A saudade tem batido forte, saudade da rotina, do bom e mal humor matinal de cada um, das versões não autorizadas feitas por nós, de todo o processo em si. Agora que terminou o relógio parece não andar, parece que faltam tantas horas para o ensaio ou que o final de semana não chega para apresentar logo e "se ver livre" hehehe. Agora pretendo voltar a rotina normal do blog, não essa semana já, pois ainda tenho muitas coisas pra botar em dia e o meu curso regular exige uma boa dedicação agora, visto que faltei as últimas 3 semanas, mas logo logo.
 Com esse post eu encerro um ciclo, vou olhar pra trás mais tarde e lembrar com muito carinho dessa fase, então queria deixar aqui os meus mais profundos agradecimentos a todas pessoas que fizeram parte dessa etapa da minha vida, a minha família por me apoiar SEMPRE, ao meu amigo-irmão Cicero pelo senso crítico que sempre me fez buscar o melhor e no final obtive um excelente resultado e a todos que conviveram comigo esses 7 meses, me ensinaram muitas coisas boas e acrescentaram algo no meu modo de ver a vida...

 É isso gente, "The Show Must Go On", vamos que vamos que atrás vem gente! hehehe

domingo, 18 de abril de 2010

Making Musicals 2

 Making Musicals 2 - Direção: Hudson Glauber, Dir. Geral: Wolf Maya

 Ufa, finalmente estreiamos!
 Hoje quero falar mais no pessoal, não como uma abordagem crítica do espetáculo, mas sim dividir com vocês um pouco do que tem sido esses últimos 7 mêses de preparação para o espetáculo.
 Bom, pra começar tenho que confessar que foi a minha primeira experiência musical em palco, já tinha feito peças sim, mas nunca dançado, cantando e sapateando, foi muuuito louco! Mas vamos por partes....

 O Período de Aulas
 Esse foi o período mais light do processo, passamos por muitas experiências novas, ví pessoas que tinham vergonha de abrir a boca, de soltar um berro, cantarem, se jogarem, acho que foi muito bom, todos sem exceção deram um salto qualitativo gigantesco, aliás, todos que se esforçaram, pois nessa época já se apresentavam os primeiros "levando com a barriga".

 O Período de Montagem
 Esse foi o mais chato, com certeza! 
 Montar um espetácul é difícil, quando você resolve começar a montar um espetáculo no dia 04 de janeiro, pior ainda! Essa fase foi a mais chata não por tensões ou discussões, mas por ter sido a mais repetitiva sem crescimento, infelizmente nem todos que estavam presentes tinham real interesse ou ao menos se esforçavam para comparecer aos ensaios.

 O Período Final Pré-Wolf
 Esse sim foi tenso, começamos a correr contra o tempo, a trabalhar em ritmo profissional, a dobrar, triplicar ou até mesmo quadruplicar a carga horária de ensaios. Foi nesse período que começaram as fofocas, discussões e toda a bad que reinou por dias, botando a prova os ânimos de todo mundo e fazendo muito neguinho pedir pra sair. Depois de tanto ensaiar com nossos professores chegava a hora de ter um diretor mandando e desmandando tudo(Hudson), hora de assumir o compromisso profissional com o espetáculo e fazer nosso papel real, obedecer e fazer bem feito, só!

 O Período Final Pós Wolf, A Última Semana!
 E lá veio ele, a vinda dele era tão esperada e temida como a segunda vinda de Jesus Cristo, cada um tinha sua história própria que caracterizava Wolf Maya, o tirano, o promíscuo, o gente boa... Quando chegou acho que até ele mesmo tomou um susto com o espetáculo, aaah como teve trabalho esse diretor! 
 E pra ajudar a dar um tom mais caótico a história, ainda tinhamos uma equipe técnica com novos e antigos profissionais da escola, parecia que realmente a estréia seria adiada.

 Últimos Dias, Quinta Feira...
 Quinta feira, um dia para a volta do Wolf, será que estava tudo ok? Seguimos todas mudanças conforme ele queria? Estava a equipe agora familiarizada com o espetáculo? O que estava por vir? Esse foi o dia cruél, perdemos dois colegas de palco, DOIS DIAS ANTES DA ESTRÉIA, isso resultava em praticamente 14 horas de ensaio, para mim e para o manga! Tivemos que repor os papéis dos nossos colegas que saíram, decorar músicas, números, coreografias, tudo isso em menos de um dia para apresentar o geral final para o Wolf - TEEENSO - .

 Últimos Dias, Sexta-Feira...
 Começamos o dia bem, um geral logo cedo com o Mestre Huds para dar aquela esquentada e organizada no que estava meio termo, uns acertos e bora almoçar que depois do almoço o wolf ta aí ok? 20 minutinhos e quero vocês de volta! Hahaha... 
 Wolf chega, começamos o geral, ele vê e então começamos o último geral, decupando a peça e dando os retoques necessários, daí adiante passamos o dia nisso, repetindo números e mais números, arrumando coisas pequenas, mudando idéias, usamos nosso horário ao máximo, agora só nos restava o sábado!

 Sábado, A Estréia!
 Chegou o diaaaa!
 Eu sou sincero, estava louco! Não me sentia como antigamente, morrendo de ansiedade, com o coração acelerado, mas acordei as 4 da manhã e não consegui mais dormir, foi fooooda! Eu tinha tanta coisa para pensar que a cabeça estava a mil, minha preocupação era com o solo do final, a música Gold Digger, tinha pego a letra quinta feira a noite e a melodia só consegui na sexta feira a tarde, eu praticamente passei o dia só fazendo isso, cantando! Era Gold Digger de "bom dia", Gold Digger de "uma mc-oferta do quarteirão com queijo", Gold Digger pra tudo!
 Terminamos a limpeza dos números, isso já era mais ou menos uma hora da tarde, e agora? Bora passar mais um geral! Tio Wolf, tio Wolf, só você! Haha. Terminamos o geral, parece que tudo estava ok, então era hora de almoçar, relaxar para a estréia, certo? ERRADO! Era 2:50 da tarde, dentro de 10 minutos estávamos estreiando, nossos 7 mêses se resumiam a aquele momento, tensão, medo, crises pessoais, tudo acontecia naquele momento!
 Pois bem, nos arrumamos no palco, era a hora, as pessoas começavam a entrar, que frio na barriga! Acho que esse foi um dos momentos que mais gostei nesses tempos de São Paulo, apesar de todas desavenças e tensão que passamos, nos juntamos todos numa roda e rezamos, fizemos nossas preces, pedimos proteção e nos abraçamos, a energia foi ótima!
 Eis o terceiro sinal! Santo Cristo passam mil coisas na cabeça, batida, foot loose começa! Daí pra frente tudo segue maravilhosamente bem, o pior passou e tantos mêses de ensaio nos deram estofo suficiente para não fazer feio. Tudo corre super bem, até que chega a hora de terminar o espetáculo, vem o meu tão desejado mas tão temido Gold Digger!!!! O que posso dizer é que dei meu melhor, mas... ACERTEI! Huauhuahuahuahuahuahuahauhauhaua Graças A Deus e a toda minha nóia de ficar o dia todo encima dessa música, cheguei na hora e tudo correu maravilhosamente bem! Iiiiiiissa!
 Finalizamos nosso espetáculo maravilhosamente bem, nada deu errado, as pessoas amaram, já não consigo pensar em como vai ser a minha vida daqui pra frente, tudo isso que tanto me irritava,  preocupava e tirava o sono, vai me deixar um vazio tão grande, mas ótimas lembranças com certeza!

 Bom, aí vai umas fotos da nossa estréia:
Foot Loose
There's No Business Like Show Business
Roda Viva
 Gold Digger

 É isso galera, por tudo isso que acabei meio que dando um tempo do blog, mas como podem ver valeu muito a pena e ainda vale, estamos em cartaz, segue os dados:

Teatro Nair Bello, Shopping Frei Caneca - Sábados as 15hrs, Domingos e Segundas as 21hrs, Ingressos: R$: 15,00.

 Apareçam lá!
 Uma semana abençoada a todos!

domingo, 4 de abril de 2010

Ego

 Ontém assisti um pedaço de uma entrevista com a atriz Susana Vieira, onde ela falava sobre o fracasso que foi sua participação na encenação da Paixão de Cristo.
 Achei legal comentar aqui, pois para mim Susana Vieira é exatamente o modelo de tudo que repudio ultimamente, uma atriz televisiva decadente sem a menor qualidade e como já disse, interpretando sempre Susana Vieira, isso mesmo, não personagens específicos, é ela interpretando si mesma.
 Além de dar um novo tom a virgem maria, coisa que até então tudo bem, eu aceitaria de boa afinal cada ator constrói uma faceta diferente para seu personagem, o que me irritou muito foi o fato de ela errar todas falas pois o espetáculo era dublado e depois ter dado a desculpa de que não teve tempo de estudar as falas, então porque assumiu o compromisso? Pra piorar tudo, no dia ela machucou o olho, aí tudo cabe como desculpa não é? Falando que se fossem essas atrizes novinhas elas voltariam para São Paulo na hora, dando indiretas ao entrevistador e falando para ele voltar no outro dia que ela estaria melhor no papel.
 Isso me irrita profundamente, ela tem um ego tão grande que não consigo ficar quieto a tamanhas besteiras, quantas vezes a mídia vai ter que avisar ela que ela ja passou da idade, que está na hora de se comportar como uma senhora de 60 e tantos anos como ela é, e não como uma mocinha revoltada que parece querer provar mil coisas ao mundo. Seu comportamento é justamente a vaidade que eu mais ojerizo de nós atores, achar que somos bons o bastante para desprezar o mundo todo, aaah como eu espero ter juízo e pensar muitas vezes antes de abrir a boca em momentos assim.
 Deixo isso mais como um aviso a todos nós, nosso pior inimigo mora dentro de nós mesmos, nosso EGO, que todos tomem ela como exemplo e pensem bem como querem levar suas carreiras...

Ausência...

 Gente, sei que o blog está sendo atualizado menos, mas gostaria de explicar o porquê.
 O making musicals está para estreiar, a estréia foi adiada para daqui duas semanas, dia 17, e começamos a passar os ensaios gerais para definir entradas e saídas, luz, som, toda aquela parafernália que dá ao musical o tom de espetáculo necessário, isso leva tempo!
 Ultimamente ando ensaiando das 8 da manhã, o que significa acordar as 6, até as 4 da tarde, no mínimo, e isso no teatro, porque chego em casa e tenho mais uma maratona de exercícios para tentar acertar voz, acostumar o físico com coreografias rápidas e canto pesado, limpar os movimentos que estão muito inadequados, ou seja, abri mão até do meu curso regular, sim, nós (o elenco) tivemos uma "folga" de duas semanas do curso regular, visto que ninguém conseguia se dedicar por completo em nenhum dos dois, faremos em outro horário, outra turma, sei lá, mas enfim, se chegamos a esse ponto dá para imaginar o nível de dedicação que todos estão com o musical.
 Por essas e outras meu pouco tempo que tenho de "lazer" é dedicado a dormir, isso mesmo! Dormir, relaxar, descansar a mente, não dá para ensaiar e ficar focado em um trabalho praticamente 10 horas por dia e chegar em casa e ler Strindberg, é praticamente suicídio!
 Portanto, conforme for chegando mais próximo da estréia é bem provável que mais abandonado o blog fique, mas após passar toda essa turbulência deliciosa eu prometo que volto a regularidade ok?
 Um grande abraço a todos!

O Despertar da Primavera - Spring Awakening

"O Despertar da Primavera", de Charles Möeller e Claudio Botelho

  Depois de uma temporada de sucesso no Rio de Janeiro, O Despertar da Primavera chega a São Paulo causando um furor imenso, ouvi falar tanto desse musical que confesso que não aguentava mais esperar pra ver. Uma coisa era comum dentre os comentários, não ouvia nada de ruim, NADA mesmo! Nem pra ter um amigo recalcado que falasse "Ah eu canto melhor que o protagonista" ou "Nossa você viu o cabelo da fulana? É horrível!", parece que a dupla Charles Möeller e Claudio Botelho pensaram em tudo mesmo!
 A adaptação brasileira de Spring Awakening tem uma particularidade boa, foi autorizada a ser dirigida ao nosso modo, ou melhor, ao modo dos mestres Charles e Claudio. Não tivemos aqui uma réplica da Broadway, como muitos outros espetáculos que já passaram pelo Brasil, temos uma atitude ousada e muito bem pensada, que merece ser reconhecida ao máximo, visto que temos excelentes diretores no Brasil que pararam no tempo, possuem condições, criatividade mas não ousam dar a cara a tapa para tentar algo novo.
 Na peça tudo tem a mais perfeita harmonia, não temos cenários espetaculares que se movem de um canto ao outro, giram ou explodem, somente jogos de iluminação, uns 3 ou 4 panos que fecham a cena de background, um pano de boca de cena e nesse intervalo entre eles uns andaimes simples que criam um segundo andar para o elenco contracenar ou dar suas intervenções. Também não existem figurinos monstruosos que tiveram que ser importados da conchinchina ou da escandinávia, se o elenco faz duas trocas de roupa é muito, exceto os adultos que fazem vários personagens. O que temos de mais monstruoso nesse espetáculo - e que deveria ser levado a mesmo ponto em TODOS espetáculos - é o trabalho dos atores, esses sim merecem uma salva de palmas em pé pelo seu trabalho - eles e a direção claro -, eles são de uma dramaticidade tão grande que não precisam - e nem existe no espetáculo - ficar sapateando, dançando horrores ou cantando ópera para chocar o público, eles estão tão dentro dos seus respectivos personagens que conquistam o público a cada entrada, sem fazer nada demais, somente viver o personagem dentro da sua complexidade, muito bem explorada por toda equipe que os preparou para a peça.
 Não digo isso criticando os espetáculos que tem todas essas abordagens e criações, seria muito controverso, até porque faço parte de um espetáculo que tem justamente tudo isso. Falo isso no sentido de que as coisas nem sempre precisam ser extraordinárias para serem maravilhosas, as vezes a beleza mora no simples e não nos damos conta, as vezes o menos é mais, e isso é o que acaba valendo no final. Digo com a maior convicção, amei o Despertar da Primavera mais do que qualquer Hairspray ou Cats e se tivesse opção dos três escolheria por estar no elenco do mesmo. Não temos grandes globais para trazer público ao teatro, as pessoas vão porque é bom mesmo, porque ao assistir você chora, se desliga do mundo, invés de ficar olhando o relógio impacientemente pensando quantas músicas a gordinha ainda vai cantar até que você possa ir embora. O elenco é composto de pessoas jovens, novas e pouco conhecidas, porém muito talentosas, isso é legal, é ousado! Chega de repetição, as pessoas não aguentam mais ver sempre os mesmos atores interpretando milhões de papéis, ou como a crítica já diz, o ator X interpretando o ator X, pois nem isso mais eles fazem questão de dar, um mero diferencial em cada trabalho, isso é bom para nós, novos artistas, serve de aviso aos rodados, "atenção, uma nova geração está chegando, talvez seja a hora de vocês também ousarem se quiserem se manter no seu respectivo lugar".
 No Brasil temos um sistema educacional ridículo que nos condiciona a repetição e memorização, o que importa é o 2+2=4 e não o caminho que você levou, o raciocínio que fez até chegar ao resultado, por isso criamos uma geração de repentistas que não possuem criatividade ou não tem culhão para criar e se expor, pois quando uma pessoa cria e apresenta sua idéia as outras pessoas ela se expõe ao ridículo, temos medo disso, sim, pois o público ama criticar, mesmo não tendo capacidade de criar 10% do que viu! Felizmente ainda temos uns bons corajosos que nos fazem acreditar em um futuro diferente ou pelo menos nos motivam a pensar diferente e criar o nosso caminho, a Charles Möeller e Claudio Botelho, eu tiro meu chapéu!

quarta-feira, 31 de março de 2010

Pérolas...


"É importante saber,compreender que existem pessoas com tamanha sensibilidade e essa influência positiva que sempre será Boal ficará presente como forma de transformação para os que desejam um mundo mais justo"

AUGUSTO BOAL
Dramaturgo, Diretor e Teórico de Teatro

Pérolas...


"O ator deve trabalhar a vida inteira, cultivar seu espírito, treinar sistematicamente os seus dons, desenvolver seu caráter; jamais deverá desesperar e nunca renunciar a este objetivo primordial: amar sua arte com todas as forças e amála sem egoísmo."


CONSTANTIN STANISLAVSKI
Ator, diretor, estudioso e criador de técnicas teatrais