quinta-feira, 11 de março de 2010

A Casa de Bonecas

"A Casa de Bonecas", de Henrik Ibsen.

 A Casa de Bonecas trata-se de uma peça na qual Ibsen critica a burguesia, retratando valores morais da época e desvalorizando o amor, tudo se baseia nos valores.
 Na peça temos a protagonista Nora, esposa de Helmer, como uma mulher servil, submissa e uma verdadeira bonequinha de Helmer. Por amor a Helmer, em seu passado Nora cometeu um crime, falsificou uma assinatura para conseguir um empréstimo, pois precisava de dinheiro para salvar a saúde do marido. O engraçado disso é que ela esconde até os dias em que se passa a peça esse segredo, pois a moral da época é severa e uma mulher que falsifica uma assinatura e pede um empréstimo em nome do amor é a maior desgraça para a honra de seu marido. É interessante notar o comportamento de Nora e o final da história, que levam o espectador a enteder o título da peça, Nora nunca passou de uma boneca pra Helmer, quando Helmer pede a Nora se ela foi feliz e ela responde: "Nunca, apenas alegre", aí conseguimos entender o parâmetro que Ibsen estabeleceu, segundo ele não somos eternamente felizes, apaixonados, essa felicidade eterna são momentos, coisa que é real até hoje! O que realmente somos é alegres, cabisbaixos em relação a realidade mas com aquele orgulho ignóbil que nos motiva a continuar mesmo sem esperar nada do futuro.
 O bom de Ibsen e que lhe rendeu tamanho reconhecimento foi o seu realismo, seu modo de criar, não vemos nessa peça uma Nora que morre de amores e que sofre a peça inteira por um pecado carnal, mas sim uma Nora como tantas outras que podem existir na platéia, uma Nora real. Ibsen destrói o sacríficio feito por Nora em nome do amor, mostra as reais consequências do que teríamos visto caso o seu segredo fosse revelado a sociedade, o marido a abandonaria, assim como a humilhou e dispensou quando soube do que ela fez. Vemos então uma Nora frágil, de olhos abertos e sem defesa alguma, encarando sua fraqueza e infantilidade de boneca, porém confirmando que isso não se trata de um romance e que para viver "feliz" não é ao lado do príncipe que ela deve continuar, mas sim seguir sozinha e como diz na própria peça: "educar-se".
 Quebra muitos parâmetros que estamos acostumados a antecipar, nos dá possibilidades que não pensamos na hora que assistimos e nos faz analisar Ibsen como um divisor de águas moderno. Muito boa!

1 comentários:

Sr. T disse...

Muito interessante, parece ser uma boa peça...
quanto ao tema, nada mais atual do que a realidade em que vivemos. Abraço

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